Barroso responde aos ataques de Tarcísio: “STF não atua nas sombras da ditadura”

Atualizado em 8 de setembro de 2025 às 11:25
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso. Foto: Reprodução

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, reagiu nesta segunda-feira (8) aos ataques feitos à Corte durante a manifestação bolsonarista do último domingo (7), na Avenida Paulista. O magistrado afirmou que o tribunal atua de forma pública e transparente, ao contrário do que ocorria durante a ditadura militar.

“Não gosto de ser comentarista do fato político do dia e estou aguardando o julgamento para me pronunciar em nome do Supremo Tribunal Federal. A hora para fazê-lo é após o exame da acusação, da defesa e da apresentação das provas, para se saber quem é inocente e quem é culpado. Processo penal é prova, não disputa política ou ideológica”, disse Barroso à Folha de S.Paulo.

Durante a ditadura militar, apoiada por Jair Bolsonaro (PL), ministros do Supremo foram cassados, o habeas corpus foi suspenso, prisões arbitrárias ocorreram e opositores políticos foram vítimas de tortura e assassinato. Barroso lembrou que, ao contrário daquele período, os julgamentos atuais são transmitidos e acompanhados pela sociedade.

“Por ora, o que posso dizer é que, tendo vivido e combatido a ditadura, nela é que não havia devido processo legal público e transparente, acompanhado pela imprensa e pela sociedade em geral. Era um mundo de sombras. Hoje, tudo tem sido feito à luz do dia. O julgamento é um reflexo da realidade. Na vida, não adianta querer quebrar o espelho por não gostar da imagem”, afirmou.

Ataques de Tarcísio ao Supremo

Ontem, no ato bolsonarista na Avenida Paulista, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse que Bolsonaro não está tendo um julgamento justo e atacou diretamente o ministro Alexandre de Moraes, que chamou de “ditador” e “tirano”. Ele também classificou a delação de Mauro Cid, que envolve Bolsonaro na trama golpista, como “mentirosa” e obtida sob coação.

“Não vamos aceitar a ditadura de um Poder sobre o outro. Chega”, afirmou Tarcísio, em recado ao Supremo. Em seguida, diante do público que agitava bandeiras de Israel e exibiu um bandeirão dos Estados Unidos, declarou: “Não vamos aceitar que nenhum ditador diga o que temos que fazer”.

Ao ouvir a multidão gritar “fora, Moraes”, o governador reforçou o ataque: “Por que é que vocês estão gritando isso? Talvez porque ninguém aguente mais. Ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como Moraes. Ninguém aguenta mais o que está acontecendo neste país”.