Barroso vota pela descriminalização do aborto e autoriza enfermeiros a realizar procedimentos

Atualizado em 17 de outubro de 2025 às 20:53
O ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), falando e gesticulando, sentado, sem olhar para a câmera
O ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal) – Reprodução

O ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou nesta sexta-feira (17) que enfermeiros realizem o aborto nos casos permitidos por lei. Ele fundamentou a decisão no déficit assistencial que impede proteção adequada a mulheres — especialmente meninas vítimas de estupro.

“Em razão do déficit assistencial que torna insuficiente a proteção de mulheres e, sobretudo, de meninas vítimas de estupro, fica facultado a profissionais de enfermagem prestar auxílio ao procedimento necessário à interrupção da gestação, nos casos em que ela seja lícita.”

Além dessa autorização, nesta sexta Barroso também decidiu votar na ADPF 442, que discute a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação — e ele deve votar a favor da legalização.

Este é o último dia de Barroso como ministro do STF, após antecipar sua aposentadoria. A ADPF 1207 requer que o Supremo reconheça que enfermeiros (e outros profissionais de saúde) possam realizar o aborto legal, derrubando a interpretação restritiva do Código Penal que limita a prática ao médico.

Manifestação a favor da legalização do aborto
Manifestação a favor da legalização do aborto – Fernando Frazão/Agência Brasil

A ADPF 989 solicita que sejam criados mecanismos para garantir o direito ao aborto nas hipóteses já previstas no Código Penal — risco à vida da gestante, gravidez por estupro — e nos casos de fetos anencéfalos.

Em 2012, ainda como advogado, Barroso atuou no julgamento que liberou o aborto em casos de anencefalia. Nesta sexta-feira (17), ele pediu ao presidente do STF, Edson Fachin, a realização de uma sessão virtual extraordinária para registrar seu voto antes de deixar o tribunal neste sábado (18).

O Conselho Federal de Medicina (CFM) se posicionou contra a ADPF 1207, alegando que o aborto exige “qualificação técnica” que só o médico teria.

Já os autores da ação — o PSOL e a Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn) — afirmam que restringir o procedimento aos médicos viola direitos fundamentais, dificulta o acesso ao aborto legal e contraria definições da Organização Mundial da Saúde (OMS), que reconhece que abortos de baixa complexidade podem ser conduzidos por outros profissionais.

Jessica Alexandrino
Jessica Alexandrino é jornalista e trabalha no DCM desde 2022. Sempre gostou muito de escrever e decidiu que profissão queria seguir antes mesmo de ingressar no Ensino Médio. Tem passagens por outros portais de notícias e emissoras de TV, mas nas horas vagas gosta de viajar, assistir novelas e jogar tênis.