Beirute está devastada e meu coração, dilacerado. Por Lúcia Helena Issa

Atualizado em 4 de agosto de 2020 às 21:19

Publicado originalmente no perfil da autora

Por Lúcia Helena Issa

Meu coração está dilacerado. Beirute, uma das cidades que mais amo no mundo, foi brutalmente ferida por uma explosão devastadora, cuja origem ainda não está esclarecida, o que nos dilacera ainda mais nesse momento de dor.

Recebi agora a informação de que um casal de amigos foi gravemente ferido. Meu Deus, quanta dor.

Recebo também a informação de um amigo querido, um jornalista libanês, de que Israel pode ter disparado mísseis sobre esse depósito de produtos inflamáveis.
Como jornalista, não posso afirmar nada ainda sobre essa hipótese.

O que posso afirmar é que essa explosão dilacerou meu coração, deixou mais de 3000 pessoas feridas e quase 100 mortos até o momento.

Sou neta de sírio-libaneses e fui a primeira pessoa da minha família, da minha geração, a fazer esse caminho de volta a Beirute, partindo do Brasil, fui a primeira a pisar, emocionada, no lindo porto de Beirute (agora devastado), de onde meus avós partiram um dia e de onde partiram todos os navios que trouxeram mais de 2 milhões de sírio-libaneses ao Brasil (seus descendentes são hoje 8 milhões de pessoas e são um dos grupos étnicos que mais contribuíram com o nosso país como grandes médicos, grandes professores, grandes empresários, grandes cientistas e seres humanos que nos engrandecem e emocionam).

Fui a primeira jornalista brasileira a viver em um campo de refugiados em Beirute por algumas semanas para sentir o que é ser uma mulher refugiada.

Vivi em Beirute, durante 4 diferentes estadias, como jornalista e como mulher, alguns dos momentos mais emocionantes da minha vida. Conheci em Beirute alguns dos seres humanos ( libaneses, sírios e palestinos ) mais incríveis, mais solidários e mais humanos que alguém poderia conhecer em sua estadia na Terra.

Meu coração está dilacerado.

PRAY FOR BEIRUT.