
Sempre na linha de frente do bolsonarismo raiz, a deputada federal Bia Kicis (PL-DF) lançou, na noite de terça-feira (11), sua pré-candidatura ao Senado pelo Distrito Federal. O evento reuniu parte da velha guarda da extrema direita: a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto.
Em discurso, Kicis prometeu uma “caminhada por um Senado de coragem”. Já Michelle fez uma defesa enfática do nome da aliada, citando-a deputada como fundamental em uma “dobradinha” para 2026.
Menos de 24 horas depois do ato, porém, a deputada protagonizou uma cena curiosa: curtiu uma publicação do DCM no Instagram, com o título “Governador do DF chuta Bolsonaro antes de prisão na Papuda”.

A reportagem traz declarações de Ibaneis Rocha (MDB), governador do Distrito Federal, afirmando não ser amigo de Jair Bolsonaro e destacando que a decisão sobre o destino do ex-presidente cabe exclusivamente ao Supremo Tribunal Federal. “Não sei como [Bolsonaro] está, não o visito, não somos amigos. Não vou saber se ele tem condições de viver em presídio e com a alimentação que tem lá”, disse Ibaneis.
O like de Kicis abriu espaço para interpretações: ou a deputada anda consumindo mídia progressista no sigilo e o toque foi acidental, ou, quem sabe, comemora o distanciamento entre Ibaneis e Bolsonaro, enxergando aí uma brecha para fortalecer seu próprio nome na disputa eleitoral, em que ainda não emplacou.
Há ainda quem veja no gesto um sinal de cansaço com o ex-capitão condenado e inelegível — aquele que outrora era seu “líder supremo”.
De acordo com levantamento da Paraná Pesquisas, Michelle Bolsonaro lidera a corrida ao Senado no DF com 42,8% das intenções de voto, seguida por Ibaneis Rocha (36,5%). A senadora Leila Barros (PDT-DF) aparece com 29,7%, Erika Kokay (PT-DF) soma 24%, e Bia Kicis figura distante, em quinto lugar, com apenas 18,3%. A vice-presidente do PT no DF, Rosilene Corrêa, registra 6,5%. Votos brancos e nulos somam 7,6%, enquanto 4,3% não souberam ou não opinaram.