Biden é pressionado nos EUA a retirar sigilo sobre ditadura no Brasil

Atualizado em 4 de abril de 2024 às 18:16
Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Foto: Getty Images

Um grupo de 16 congressistas dos Estados Unidos encaminhou uma carta ao presidente Joe Biden nesta quinta-feira (4) solicitando a retirada do sigilo de 13 documentos relacionados à ditadura militar brasileira.

A ação foi impulsionada por organizações brasileiras envolvidas em uma campanha para a liberação desses documentos por parte de Washington. A carta também foi enviada ao secretário de Estado, Antony Blinken.

Na carta, os deputados usaram duas efemérides para reforçar o pedido: os 60 anos do golpe, completados no último domingo (31), e os 200 anos de relações diplomáticas entre Brasil e EUA, a serem comemorados no próximo mês.

A deputada Nydia Velázquez, líder da iniciativa em conjunto com Susan Wild, afirmou que “a transparência sobre o papel dos EUA no golpe e na ditadura é uma parte fundamental do processo de verdade e reconciliação para este período sombrio”.

“A queda da democracia brasileira e a subsequente ditadura foram marcadas por atrocidades e pelo abuso sistemático dos direitos humanos”, disse Velázquez à Folha.

Todos os signatários da carta são membros do Partido Democrata. O documento menciona também a retirada de sigilo de documentos relacionados ao início da ditadura de Augusto Pinochet no Chile, por parte dos EUA, em agosto de 2023.

“Acreditamos que um esforço comparável relacionado ao Brasil é tão oportuno quanto necessário. A desclassificação de documentos relacionados ao período da ditadura brasileira não só enriquecerá o conhecimento histórico, mas também fortalecerá o compromisso dos EUA com os valores democráticos e os direitos humanos”, escreveram os deputados.

Em julho do ano passado, um grupo de 14 organizações brasileiras e 2 americanas fez um pedido semelhante a Biden, sem sucesso. Entre essas entidades estão Artigo 19, Comissão Arns, Instituto Vladimir Herzog e Washington Brazil Office (WBO).

O envolvimento dos EUA no período da ditadura militar brasileira já foi documentado por historiadores. O embaixador americano no Brasil em 1964, Lincoln Gordon, propôs o envio de uma força naval para a costa brasileira como parte da Operação Irmão Sam.

Apesar da aprovação pelo governo Lyndon Johnson, João Goulart caiu antes que os navios chegassem. Além disso, os arquivos da embaixada americana, publicados pelo WikiLeaks, apontaram que a Casa Branca sabia das violações de direitos humanos pelo regime.

Os Estados Unidos também apoiaram a Operação Condor, uma rede de repressão coordenada entre as ditaduras do Cone Sul.

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