
O dólar iniciou a semana em queda nesta segunda-feira (27), em meio ao otimismo dos investidores com os desdobramentos do encontro entre Lula e Donald Trump, realizado no domingo (26), em Kuala Lumpur, na Malásia. O diálogo entre os dois líderes abriu espaço para uma retomada diplomática e sinalizou um possível acordo sobre o tarifaço imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros.
Lula afirmou acreditar que o impasse tarifário será resolvido nos próximos dias. “Ele garantiu que vai ter acordo”, disse o presidente. A declaração animou o mercado financeiro, que reagiu positivamente à perspectiva de redução de tensões comerciais. Às 13h10, o dólar caía 0,33%, cotado a R$ 5,374, enquanto o Ibovespa subia 0,53%, atingindo 146.958 pontos e chegando a bater recorde intradiário de 147.976.
A reunião entre Lula e Trump durou cerca de 50 minutos e foi avaliada como “extremamente positiva” pelo chanceler Mauro Vieira. Segundo ele, o republicano determinou que sua equipe inicie imediatamente um processo de negociação bilateral. O pedido partiu do petista e foi aceito pelo republicano, que se mostrou aberto às demandas brasileiras.
Durante o encontro, Lula argumentou que o aumento das tarifas estadunidenses não deveria se aplicar ao Brasil, já que o país mantém superávit comercial com os EUA. Embora o governo brasileiro não espere um anúncio imediato, a expectativa é de avanços concretos nas próximas semanas.

Para o economista Ricardo Trevisan Gallo, da Gravus Capital, o diálogo foi um passo essencial para reduzir incertezas e restaurar previsibilidade econômica. Ele avalia que, se houver suspensão temporária das tarifas e um plano claro de retirada gradual, o risco para os investidores tende a cair, ampliando as oportunidades de investimento.
Leonel Mattos, da StoneX, compartilha da visão otimista e afirma que o mercado vê o encontro como um divisor de águas. “Isso tem gerado bastante otimismo entre os investidores e está favorecendo os ativos brasileiros”, explicou.
Trump indicou que os Estados Unidos e a China estão próximos de resolver o impasse sobre as exportações de terras raras, restritas por Pequim no início do mês. “Tenho muito respeito pelo presidente Xi e acho que chegaremos a um acordo”, declarou. Além das negociações comerciais, investidores aguardam a decisão do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, sobre a taxa de juros.
O mercado projeta novo corte de 0,25 ponto percentual, o que tende a estimular fluxos de capital para economias emergentes. Com juros mais baixos nos EUA e a Selic elevada no Brasil, a diferença de rendimentos favorece o real por meio do chamado “carry trade”, em que investidores aplicam recursos em moedas de países com taxas maiores.