Bolsonarista e ex-PM, vice de Nunes revela que filhos não tomaram vacina

Atualizado em 28 de setembro de 2024 às 13:56
Ricardo Mello Araújo e Bolsonaro, em 2020
Ricardo Mello Araújo e Bolsonaro, em 2020 – Bruno Santos/Bruno Santos/Folhapress

O ex-coronel bolsonarista da Polícia Militar Ricardo Mello Araújo (PL), candidato a vice-prefeito na chapa de Ricardo Nunes (MDB), declarou em entrevista à Folha que recebeu apenas uma dose da vacina contra a Covid-19 e que seus filhos não foram vacinados. Segundo ele, a decisão foi tomada em família por não confiar na “segurança” do imunizante. “Só que, em uma pandemia, vem uma vacina que foi feita às pressas. Você acha que ela é segura, eu não acho segura”.

Mello Araújo reforçou que, apesar de ser favorável à vacinação em geral, a rapidez com que as vacinas contra a Covid-19 foram desenvolvidas levanta preocupações.

“O que precisa é disponibilizar a vacina. Isso foi feito. Não faltou vacina para ninguém. Agora, manter o povo informado do que está acontecendo é importante. Você mentiria para seu povo só para ganhar uma eleição?”, falou, com discurso semelhante ao do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Como justificativa, o ex-PM compartilhou experiências pessoais. De acordo com ele, um tio morreu e seu pai desenvolveu uma doença grave por conta da vacina.

Ele reiterou que Bolsonaro tinha acesso a “informações privilegiadas” sobre a pandemia e que o ex-presidente não obrigou ninguém a tomar ou não tomar a vacina. Mello Araújo também criticou medidas como o uso de máscaras e o isolamento social.

Nunes teve que recalcular rota

Ricardo Nunes em entrevista ao SP1. Foto: Reproduçao

A candidatura de Mello Araújo busca atrair o eleitorado de direita conservadora, o que fez com que Ricardo Nunes, atual prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, também revisasse sua posição sobre a obrigatoriedade da vacina.

Nunes, que durante seu mandato apoiou medidas de isolamento social e vacinação obrigatória, tem agora adotado um discurso mais alinhado com o bolsonarismo, o que gerou descontentamento em parte de sua campanha. No entanto, o atual prefeito tem reforçado que não é contra a vacinação, utilizando o mote “São Paulo, capital da vacina”.

Quando questionado sobre como lidaria com a questão da vacinação em um eventual mandato como vice-prefeito, Mello Araújo afirmou que, em caso de discordância com o prefeito, procuraria um consenso. “Eu tomei todas as vacinas. A gente está falando de um caso específico, a vacina que surgiu da pandemia, não é uma vacina consagrada”, completou.