Bolsonarista George Santos é expulso da Câmara dos EUA por corrupção

Atualizado em 1 de dezembro de 2023 às 13:34
George Santos, deputado republicano dos EUA. Foto: reprodução

O deputado George Santos, filho de imigrantes brasileiros, teve seu mandato cassado pelo Congresso dos Estados Unidos nesta sexta-feira (1°). Os parlamentares votaram contra o bolsonarista, que enfrentava 23 acusações na Justiça estadunidense. Ele se torna o sexto deputado na história dos EUA a ser expulso da Câmara.

Dos outros cinco congressistas que foram expulsos, três foram no século 19 por apoiarem os confederados durante a Guerra da Secessão, e dois nos anos 1980 por corrupção.

A votação, realizada em sessão para decidir sobre a cassação, resultou em 311 votos a favor da expulsão de Santos, que no Brasil ficou conhecido no carnaval carioca como Kitara Ravache, superando o número mínimo necessário por 20 votos, com 114 contra. A decisão foi motivada por um recente relatório que apontou várias irregularidades e crimes financeiros atribuídos a Santos.

Durante o feriado da Proclamação da República no Brasil, em 15 de novembro, ele recebeu uma comitiva de parlamentares bolsonaristas, liderada pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que visitou a capital dos Estados Unidos.

Um relatório divulgado pelo Comitê de Ética da Câmara dos Representantes dos EUA revelou os extravagantes usos do dinheiro do fundo de campanha do deputado republicano. O documento destaca uma série de despesas questionáveis, incluindo botox, itens de luxo, viagens e até gastos em assinaturas de OnlyFans, uma plataforma de conteúdo erótico.

O parlamentar, eleito pelo Partido Republicano no ano passado, negou veementemente as acusações, alegando ser alvo de um “cerco intimidatório” e uma “perseguição política”. A expulsão exigia a aprovação de dois terços da Câmara, totalizando 287 votos dos 435 deputados eleitos.

Na terça-feira (28), Santos, de 35 anos, afirmou que não renunciaria, desafiando as pressões: “Se eu renunciar, facilitarei as coisas para este lugar. Este lugar é administrado com base na hipocrisia. Cansei de desempenhar um papel no circo. Se quiserem que eu deixe o Congresso, terão que fazer uma votação difícil”.

Antes da decisão desta sexta, a Câmara havia tentado expulsá-lo em duas ocasiões anteriores, sem sucesso. No entanto, desta vez, a proposta de expulsão ganhou apoio, inclusive de correligionários do filho de brasileiros.

Há duas semanas, um relatório do Comitê de Ética da Câmara encontrou “enormes evidências” de má conduta por parte de Santos, alegando que ele tentou explorar fraudulentamente sua candidatura para benefício financeiro pessoal.

Eduardo Santos (PL-SP) e George Santos. Foto: reprodução

O parlamentar, que chegou ao Congresso em 2022, contribuindo para a maioria mínima dos republicanos na Câmara, também foi alvo de revelações de falsificações em seu currículo.

O The New York Times revelou que muitas das afirmações feitas por Santos durante a campanha eram fabricadas, desde suas credenciais acadêmicas até sua carreira em Wall Street.

Dentre as falsas declarações, destaca-se a alegação de que sua mãe teria sobrevivido ao atentado às Torres Gêmeas em 11 de setembro de 2001. Documentos oficiais de imigração dos EUA desmentem essa afirmação, mostrando que ela não estava no país na época.

Outras mentiras incluem alegações sobre seus avós maternos terem sido judeus sobreviventes do Holocausto, o que não foi comprovado. Santos também afirmou ter perdido funcionários no atentado à boate gay Pulse, em Orlando, sem evidências que respaldem essa história.

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