Bolsonarista que quebrou relógio no 8/1 é solto e aguarda tornozeleira eletrônica

Atualizado em 19 de junho de 2025 às 16:28
O mecânico bolsonarista Antônio Cláudio Alves Ferreira e o relógio histórico destruído por ele durante o ataque de 8 de janeiro de 2023. Foto: Reprodução

O mecânico bolsonarista Antonio Cláudio Alves Ferreira, condenado a 17 anos de prisão por depredar relógio histórico durante os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, deixou o presídio em Uberlândia (MG) nesta semana. A progressão para o regime semiaberto foi autorizada pela Justiça após 2 anos e 4 meses de cumprimento da pena, com base em boa conduta e tempo já cumprido.

Embora a decisão judicial previsse o uso de tornozeleira eletrônica, Ferreira foi solto sem o equipamento por falta de disponibilidade imediata. O juiz responsável pelo caso afirmou que o detento não poderia ser prejudicado por um problema logístico do Estado e o colocou na lista de espera. Ele está obrigado a permanecer em casa até apresentar uma proposta de emprego à Justiça.

A Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais negou a falta de tornozeleiras, alegando que ainda há mais de 4 mil dispositivos disponíveis no sistema. Segundo a pasta, o caso de Ferreira teve liberação sem monitoramento imediato porque ele se encontrava fora da comarca de origem. Ainda assim, ele já tem data marcada para colocar o equipamento.

Ferreira foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pelos crimes de abolição violenta do Estado democrático de direito, tentativa de golpe de Estado, associação criminosa armada, dano qualificado e dano ao patrimônio tombado.

Imagens das câmeras de segurança o flagraram destruindo um relógio do século XIX no Palácio do Planalto.

O presidente Lula durante cerimônia que apresentou o relógio histórico restaurado, em janeiro. Foto: Gabriela BIló/Folhapress

O objeto vandalizado era um relógio francês do relojoeiro Balthazar Martinot, presente do governo francês a Dom João VI em 1808. A peça é feita de casco de tartaruga e bronze não mais produzido, e possui valor histórico inestimável. Há apenas outro exemplar semelhante no mundo, em menor escala, no Palácio de Versalhes, na França.

Após um ano de restauração, o relógio voltou ao Palácio do Planalto em janeiro de 2024, durante cerimônia oficial. Ele agora está exposto na sala de audiências, próxima ao gabinete presidencial.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.