Bolsonarista Zezé Di Camargo ficou isento de pagar R$ 2,5 milhões por programa renovado por Lula

Atualizado em 18 de dezembro de 2025 às 9:48
O cantor bolsonarista Zezé Di Camargo. Foto: Reprodução

O cantor Zezé Di Camargo, crítico do presidente Lula (PT), teve R$ 2,5 milhões em isenções com programa renovado pela gestão petista após a prorrogação do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse), segundo dados oficiais da Receita Federal.

Na prática, duas empresas do cantor — Classical Holding Intermediação de Negócios Ltda. e MAC Produções Ltda. — deixaram de pagar impostos no valor de R$ 1,9 milhão e R$ 571,4 mil, respectivamente, de acordo com levantamento feito pela coluna de Tácio Lorran, do Metrópoles.

O total de R$ 2,47 milhões refere-se ao período entre abril de 2024 e março de 2025, conforme o relatório de acompanhamento do Perse divulgado em junho pela Receita.

Criado no governo Bolsonaro para socorrer o setor de eventos durante a pandemia de Covid-19, o Perse zerou as alíquotas de IRPJ, CSLL, Cofins e PIS/Pasep para empresas do segmento. O programa foi encerrado em abril deste ano, após atingir o teto de R$ 15 bilhões em isenções.

Em 2023, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tentou pôr fim ao benefício por meio de medida provisória, mas o Congresso reagiu e renovou o programa. Um acordo posterior definiu que a vigência duraria até o esgotamento do limite financeiro.

Cachês pagos por prefeituras em 2025

Além das isenções, Zezé Di Camargo recebeu quase R$ 20 milhões em verbas públicas ao longo de 2025, segundo levantamento do Metrópoles com base em contratos firmados por prefeituras. Os acordos somam R$ 19.679.500 em cachês para shows em festas municipais, aniversários de cidades e eventos culturais, tanto em apresentações solo quanto ao lado de Luciano.

Embora os contratos tenham sido celebrados por municípios — e não diretamente pela União —, parte dos eventos contou com recursos de origem federal, inclusive via transferências e convênios. Nenhuma das prefeituras contratantes em 2025 é comandada por prefeitos do PT.

Sertanejo recebeu R$ 1,27 milhão da campanha de Lula em 2002

Em 2002, a campanha de Lula pagou R$ 1,27 milhão à empresa da dupla Zezé Di Camargo & Luciano para a estrutura de 11 comícios no primeiro turno e seis no segundo, com custo de R$ 75 mil por participação, segundo a Folha de S.Paulo.

À época, Ricardo Kotscho, integrante da campanha petista, afirmou que a atuação de artistas em comícios segue uma lógica profissional. Segundo ele, Zezé e Luciano já participaram de campanhas de diferentes partidos e, em geral, apenas se apresentam e deixam o local. No caso da campanha petista, porém, houve momentos de interação política no palco.

Ataques ao SBT

O bolsonarista virou notícia nesta semana após atacar o SBT por convidar o presidente Lula e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para a inauguração do canal de notícias da emissora.

O cantor afirmou que as filhas de Silvio Santos estariam se “prostituindo” e rompeu com o canal, atualmente comandado por Patrícia Abravanel, Daniela Beyruti, Silvia Abravanel e Renata Abravanel. Ele também pediu que seu especial de Natal não fosse exibido.

Zezé Di Camargo com Jair e Flávio Bolsonaro. Foto: reprodução