Bolsonaristas apontam Lula como culpado por sanção dos EUA

Atualizado em 10 de julho de 2025 às 5:14
Donald Trump, Eduardo e Jair Bolsonaro. Foto: reprodução

A sobretaxa de 50% imposta por Donald Trump a produtos brasileiros nesta quarta-feira (9) provocou mal-estar até mesmo entre aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que admitem, nos bastidores, o desgaste político gerado pela medida. A informação é da Folha de S.Paulo.

A tentativa de blindar Bolsonaro diante do evidente alinhamento do presidente dos Estados Unidos a seu projeto político esbarra na realidade: Trump mencionou diretamente o ex-presidente na carta que oficializa a taxação, evidenciando que a decisão é uma retaliação em defesa pessoal do aliado.

Mesmo diante da crise diplomática, Bolsonaro ignorou o tema publicamente, preferindo repetir em rede social sua ladainha de “perseguido”, enquanto seus filhos e apoiadores correm para culpar Lula e ocultar o envolvimento direto do clã com a sanção.

Parlamentares bolsonaristas passaram o dia repetindo que “a culpa é do Lula”, ao mesmo tempo em que tentavam afastar o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) da articulação nos EUA que culminou na tarifa — apesar de ser notório que ele atua junto ao trumpismo para deslegitimar o STF e o governo brasileiro.

A direita, que se diz patriótica, hesita até em lamentar a decisão de Trump. A maioria prefere calar ou desviar o foco, mesmo diante de um ataque explícito à soberania nacional. A esquerda, por sua vez, denuncia o bolsonarismo como “vira-lata” e alerta para o dano econômico da subserviência do ex-presidente aos EUA. A ministra Gleisi Hoffmann resumiu: “O projeto de Lula é taxar os super ricos. O de Bolsonaro é taxar o Brasil”.

Enquanto a família Bolsonaro se esconde atrás de retóricas ideológicas e provérbios bíblicos, o Brasil sofre as consequências de sua política externa rebaixada a vassalagem. A “taxa Bolsonaro”, como definiu o deputado Guilherme Boulos, é o retrato da inversão completa de valores: um suposto nacionalismo que, na prática, entrega os interesses do país a um líder estrangeiro em campanha.