Bolsonaristas caçam “pastor infiltrado” para entender sermão que desestabilizou vigília

Atualizado em 25 de novembro de 2025 às 10:22
O evangélico Ismael Lopes durante vigília convocada por Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em Brasília. Foto: Reprodução

Bolsonaristas estão atrás do homem que se passou por pastor e discursou na vigília convocada por Flávio Bolsonaro (PL-RJ) para entender o fundamento bíblico usado no sermão que desestabilizou o ato, conforme informações do colunista Lauro Jardim, do Globo.

Ismael Lopes, evangélico e militante de esquerda, tornou-se alvo de milhares de mensagens desde sábado (22) — muitas delas vindas justamente de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Segundo Ismael, não houve apenas ataques. Parte dos próprios bolsonaristas o procurou para tentar compreender o sentido do discurso e o trecho bíblico citado durante a fala. “Tem gente da direita me mandando mensagem curiosa, querendo entender o contexto dentro do evangelho”, contou.

Ele afirma que foi à vigília apenas para gravar uma piada, mas mudou de ideia ao ouvir as falas no palco. Procurou a equipe de segurança, pediu a palavra e acabou incluído na programação porque, segundo ele, faltava justamente um pastor naquele momento.

O sermão e o tumulto

Ismael baseou sua fala no trecho de Eclesiastes 10, 1-8: “Quem cava uma cova pode cair nela, e quem rompe um muro pode ser mordido por uma cobra”. O inusitado é que, no primeiro momento, muitos bolsonaristas acharam que a crítica era dirigida a Lula, não a Bolsonaro.

Quando entenderam o sentido, começou o tumulto. Flávio Bolsonaro pediu que o público não o agredisse, mas o apelo não foi ouvido por todos. Ismael foi atacado fisicamente e registrou boletim de ocorrência por lesão corporal e tentativa de linchamento.

Ele nega qualquer articulação prévia com o Conselho de Participação Social da Presidência da República, do qual é membro. Diz que tudo foi decidido “de última hora”.

Quem é o evangélico procurado pelos bolsonaristas

Conhecido no Instagram como “Irmão Isma”, ele tem cerca de 35 mil seguidores e se apresenta como integrante do Conselho de Participação Social da Presidência. Também faz parte da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, grupo que mantém diálogo aberto com o governo Lula e já realizou eventos com a primeira-dama, Janja.

Apesar da atuação no meio religioso, Ismael não é pastor. É um influenciador progressista, crítico do bolsonarismo e defensor de pautas associadas à esquerda.