
Lideranças bolsonaristas reagiram nesta quarta-feira (3) à promessa do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), de apresentar e votar um texto alternativo ao aprovado na Câmara sobre a anistia aos investigados pelos atos de 8 de janeiro de 2023. Segundo parlamentares, a articulação foi recebida como uma surpresa no grupo.
Durante o fim de semana, partidos do Centrão, como o União Brasil e o PP, se alinharam ao PL para defender a votação da proposta da Câmara logo após o término do julgamento de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF). A fala de Alcolumbre, no entanto, sinalizou que o Senado poderá adotar um caminho próprio.
“Ele pode falar o que ele quiser. Vamos votar na Câmara. Aí eu quero ver ele segurar”, disse o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder da bancada do partido. A declaração expôs o desconforto entre os aliados do ex-presidente e o comando do Senado.

O líder da oposição na Casa, senador Rogério Marinho (PL-RN), também criticou a iniciativa de Alcolumbre. “Não fui consultado sobre o tema e reitero que a anistia deve ser ampla, geral e irrestrita”, afirmou o ex-ministro de Bolsonaro.
Na terça-feira (2), Alcolumbre havia declarado à imprensa que pretende elaborar e colocar em votação um texto que diferencie organizadores e participantes do 8 de janeiro. “Eu vou votar o texto alternativo, é isso que eu quero votar no Senado. Eu vou fazer esse texto, eu vou apresentar”, disse o presidente do Senado.
A promessa de Alcolumbre foi interpretada como uma resposta direta à reunião de líderes da Câmara, que havia reforçado o apoio à anistia ampla. A divergência expôs mais uma vez a disputa entre Câmara e Senado sobre os rumos da proposta.