“Bolsonaristas estavam dispostos a tudo”, diz PM agredida no 8 de janeiro

Atualizado em 12 de setembro de 2023 às 15:20
Marcela da Silva Morais Pinno, cabo da Polícia Militar do Distrito Federal — Foto: Edilson Rodrigues / Agência Senado

A cabo Marcela da Silva Morais Pinno, policial militar do Distrito Federal, que atuou na linha de frente durante as manifestações de 8 de janeiro, prestou depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Investigação (CPMI) que apura os atos golpistas daquele dia e relatou a violência e a organização dos manifestantes bolsonaristas.

Durante seu testemunho, Pinno descreveu a “violência contra os policiais”, afirmando que estavam “dispostos a tudo”. Ela e um colega da Polícia Militar foram jogados da cúpula do Congresso Nacional, sofrendo agressões por parte dos manifestantes. “Tentaram tomar minha arma logo após eu ter sido empurrada. Me agrediram, eu estava no chão, me chutavam. Enquanto me chutavam, me agrediam com barra de ferro, e outro tentava tomar a minha arma”, relatou.

A policial destacou que os agressores faziam parte de um grupo organizado, que inclusive levava luvas e equipamentos para se proteger das forças de segurança. Ela explicou que os manifestantes possuíam conhecimento sobre as granadas utilizadas pela polícia e que as luvas eram necessárias para manuseá-las devido às altas temperaturas.

“Manifestantes que estavam na frente da manifestação possuíam, sim, luvas para ter acesso aos nossos materiais, às nossas granadas, (que têm) altas temperaturas que, se forem pegas com mãos livres, vão ter queimaduras seríssimas”, descreveu.

Os relatos de Pinno corroboram a suspeita de que os participantes dos atos do dia 8 de janeiro tinham organização por trás, financiamento e treinamento. Essa informação é vista como crucial para a investigação em curso.

O depoimento da militar chamou a atenção tanto de membros da base do governo quanto da oposição na CPI. Enquanto alguns parlamentares governistas destacaram a organização por trás dos manifestantes radicais, os parlamentares da oposição ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentaram diferenciar um suposto “pequeno grupo violento” das pessoas que estavam acampadas em frente ao Quartel-General do Exército.

Além do depoimento de Pinno, a CPMI também tinha previsto interrogar a delegada Marília Alencar, ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça na gestão de Anderson Torres. No entanto, Alencar não compareceu à Comissão devido a um habeas corpus concedido pelo ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), que a liberou do depoimento por ser alvo das investigações relacionadas aos bloqueios em rodovias durante o segundo turno da eleição do ano passado. A CPMI considerou a decisão do STF lamentável e ressaltou que Marília Alencar era uma peça-chave na apuração.

Delegada Marília Alencar, ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça na gestão de Anderson Torres. Foto: Breno Esaki/Metrópoles
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