Bolsonaro abandona os irmãos que terão as vidas destruídas. Por Moisés Mendes

Atualizado em 23 de junho de 2023 às 22:31
Bolsonaristas nos atos golpistas de 8 de janeiro. Foto: Reprodução

George Washington de Oliveira Sousa, o homem que arquitetou o atentado ao aeroporto de Brasília em dezembro do ano passado, já foi condenado a nove anos de cadeia.

Antônio Cláudio Alves Ferreira, o sujeito que destruiu o relógio do século 17 no Palácio do Planalto, também será condenado na primeira leva de manés que vão a julgamento nos próximos dias.

Será o mesmo destino de Willian da Silva Lima, que arrombou uma sala do Supremo e roubou a toga de Alexandre de Moraes, e de Marcelo Fernandes, que pôs embaixo do braço e levou uma réplica da Constituição de 1988, também do STF.

Fátima de Tubarão está na fila da condenação junto com todos os manés flagrados quebrando alguma coisa ou fazendo ameaças aos ministros naquele 8 de janeiro.

Eles irão assumir sozinhos a empreitada do golpe, quando tiverem que se defender das acusações? Quase todos já são réus. E todos são componentes da bucha do golpe.

O próprio George Washington de Oliveira Sousa, que confessou frequentar o acampamento do QG do Exército em Brasília, foi um terrorista incitado ou a mando de alguém.

Mas quem entre eles vai confessar que agiu sob a liderança de gente que estava, na hierarquia do golpe, bem acima deles?

Na CPI do Golpe, o homem da bomba no caminhão-tanque, que deveria explodir no aeroporto na noite de 24 de dezembro, não admitiu vínculo com ninguém.

Deputados e senadores da direita e da extrema direita abandonaram o sujeito durante o depoimento. Sousa era um maluco que agiu sozinho.

O próprio terrorista preocupou-se em se distanciar de Bolsonaro e de autoridades da extrema direita que estavam no poder. Nunca viu Bolsonaro e não conhece ninguém do fascismo de perto.

Sabe-se que frequentava o Senado por proximidade com gente do bolsonarismo. Mas hoje é um coitado largado na sarjeta, porque não há como defendê-lo.

Bolsonaro disse em Porto Alegre que tem “irmãos inocentes” presos em Brasília, referindo-se aos manés induzidos ao golpe. Mas os manés serão condenados, alguns irão pegar cadeia, enquanto Bolsonaro nega que tenha empurrado os irmãos para o crime.

Anderson Torres será condenado e pode ser expulso da Polícia Federal. O coronel Mauro Cid não escapará da condenação e pode ser expulso do Exército.

E Bolsonaro não admite que tenha destruído a vida de mais de 1.400 manés e de auxiliares diretos que fizeram o serviço sujo.

Bolsonaro poderá ficar inelegível. Mas os manés e os auxiliares terão uma vida miserável. Todos serão criminosos.

E Bolsonaro será apenas um sujeito sem direito a ser votado e eleito? É possível que, depois do que fez, da matança na pandemia, da formação das gangues dos vampiros da vacina, da incitação ao negacionismo e ao armamentismo, das falas racistas, da confissão de que deseja crianças de 14 anos, da lavagem de dinheiro na compra de imóveis, da compra de apoio do Centrão, do uso abusivo e criminoso do cartão corporativo, da incitação ao golpe, depois disso tudo Bolsonaro seja apenas um político inelegível?

Os manés estarão presos e Bolsonaro será um político sem direito a participar das eleições até 2030?

Será esse o desfecho de quatro anos de desmandos e delitos em todas as áreas? Só os manés pagarão pelos crimes de Bolsonaro?

Publicado originalmente em “Blog do Moisés Mendes”

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