
Aliados de Jair Bolsonaro avaliam que o ex-presidente aceitaria um projeto de redução de penas, desde que houvesse garantia de manutenção da prisão domiciliar. A prioridade, de acordo com esses interlocutores, é evitar a qualquer custo a ida ao regime fechado, especialmente diante do quadro de saúde delicado e da fragilidade emocional relatada por pessoas próximas.
Segundo a Folha de S.Paulo, quatro aliados confirmaram reservadamente que a decisão final sobre a atuação da bancada do PL caberá a Bolsonaro. Após a condenação a 27 anos e três meses de prisão por golpe de Estado e outros crimes, a avaliação é de que ele não pretende assumir riscos.
O plano A segue sendo a anistia ampla e irrestrita, mas os bolsonaristas já trabalham com alternativas. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), tem articulado o texto de redução de penas, promessa feita durante sua eleição com apoio do PL.
Embora seja criticado por governistas e opositores, Motta tenta equilibrar as pressões para levar a proposta ao plenário. A expectativa é de que o PL vote favoravelmente, caso não consiga emplacar a anistia.
Internamente, aliados admitem que a anistia ampla é cada vez mais improvável. O relatório de Paulinho da Força (Solidariedade-SP) pode limitar os benefícios, mas ainda assim atingiria Bolsonaro, já que deve propor mudanças no Código Penal que retroagiriam para todos os condenados.

Deputados bolsonaristas insistem publicamente na narrativa da anistia, mas nos bastidores preparam-se para um acordo em torno da redução de penas. A defesa do ex-presidente também trabalha para reforçar os argumentos médicos.
O ex-presidente enfrenta crises de soluço, vômitos, episódios de queda de pressão e sinais de depressão. Em setembro, chegou a ser internado em Brasília após mal-estar. Para aliados, a ida ao regime fechado poderia agravar o quadro e até colocar sua vida em risco.
Nos bastidores, a estratégia bolsonarista é ganhar tempo até 2026. Se Bolsonaro conseguir permanecer em prisão domiciliar, poderia aguardar a eventual eleição de um candidato de direita disposto a conceder-lhe indulto.
O líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), reforçou após encontro com Bolsonaro que a prioridade segue sendo a anistia, embora reconheça as dificuldades. “Para nós, só resta uma pauta: buscarmos votar anistia para todos injustiçados desse pseudogolpe”, disse.