Bolsonaro acena com xêpa de cargos para ‘fechar’ Centrão. Por Fernando Brito

Atualizado em 30 de janeiro de 2021 às 10:27
Jair Bolsonaro. (Mauro Pimentel/AFP)

Publicado originalmente no Tijolaço:

Por Fernando Brito

Depois de promover uma “farra de emendas” para ganhar votos na eleição da Câmara dos Deputados, Jair Bolsonaro acena agora aos deputados com um lote de ministérios – Esporte, Cultura e Pesca – para sacramentar o que parece ser a maioria de votos que conseguiu por lá.

É provável, mesmo, que tenha esta maioria e que Rodrigo Maia venha a pagar por ter caminhado tanto tempo sobre o muro em relação ao governo, mas isso aí é café pequeno para os apetites que o Centrão pretende satisfazer com a eleição de Artur Lira à cadeira de mando da Câmara.

O que eles querem, mesmo, é o Ministério da Cidadania e sua Bolsa Família, de preferência turbinado por um novo benefício emergencial. A Saúde, outro pomo do desejo, não é para agora: é uma “fria” com pandemia, cloroquina e falta de ar na sala.

Os três “bolsominions” que ocupam as secretarias que Bolsonaro admitiu reelevar a ministérios – Marcelo Magalhães, Mário Frias e Jorge Seif – são três nulidades que acham que o presidente os elogiou quando o que fez foi pendurá-los pelos pés e exibi-los como galinhas para a degola.

Mas seus cargos não valem grande coisa e podem, no máximo, atender algum deputado ou bancada local.

Bolsonaro está prometendo o que pode e o que não pode, mas não creio que tenha a ilusão de que com um presidente da Câmara “amigo” vá contar com carta branca para impor sua agenda, nem econômica – isso quando vier a ter uma – e nem na chamada “pauta de costumes”.

O atual presidente não reúne, antes desagrega qualquer coisa que se lhe ponha a coordenar.

Foi assim com seus primeiros e fiéis escudeiros na campanha, com Sérgio Moro e até mesmo com os deputados do PSL que trouxe à Câmara com sua cauda.

Só o que lhe interessa é bloquear a possibilidade de um impeachment quando a ruinosa situação do país completar seu desmoronamento.

Não virão reformas, planos, políticas. Apenas o show de auditório que ele pratica, de tempos para cá, de forma macabra.

Jair Bolsonaro cuida de apenas um ministério na Presidência: o do Caos e do Ódio.