Bolsonaro acusa imprensa internacional de deturpar protesto e diz que tirou Bebbiano por relação com a mídia

Atualizado em 1 de junho de 2019 às 17:06
Quando a culpa não é do PT, é da imprensa (Crédito: Agência Brasil)

O presidente da República, Jair Bolsonaro, ampliou as críticas que faz aos veículos de comunicação do país à imprensa internacional. Ele afirmou, em entrevista ao jornal argentino La Nacion, que a imprensa internacional deturpou os fatos em relação às manifestações ocorridas em favor de seu governo no último domingo (26), fazendo com que a opinião pública na Europa fosse levada a crer que a manifestação tivesse sido “em defesa de um presidente militar que rememora as práticas do período de 1964-1985”.

Na mesma entrevista, afirmou também que seu ex-ministro da Secretaria-Geral da presidência, Gustavo Bebbiano, foi tirado de seu posto não porque estava envolvido em um escândalo de candidatos laranjas de seu partido, o PSL, nas eleições de 2018, mas sim porque tinha uma relação muito próxima com a imprensa.

Veja, abaixo, a tradução dos trechos referidos, cuja íntegra pode ser lida no jornal argentino.

La Nacion – Sua equipe econômica, liderada pelo ministro Paulo Guedes, depositou todas as esperanças de uma forte recuperação na reforma previdenciária. Existe um “Plano B” se essa reforma não for aprovada no Congresso?

Jair Bolsonaro -Primeiro, sou otimista; os prazos legais estão sendo cumpridos na Câmara dos Deputados. Tenho me reunido com os presidentes da Câmara e do Senado e do Supremo Tribunal Federal (STF); Nós nunca tivemos problemas entre nós. É em grande parte a imprensa que divulga coisas e faz declarações que não se ajustam à verdade.

Devido à imprensa internacional, a imagem na Europa da mobilização que ocorreu no último domingo não foi boa: eles dizem que o povo foi às ruas para defender a agenda de um presidente militar que recorda as práticas do período de 1964-1985 nas liberdades individual. Não é verdade, mas é isso que eles estão pregando sobre o nosso país.

LN – Uma parte fundamental de seu discurso foi o combate à corrupção, mas desde que chegou ao Palácio do Planalto teve um ministro, Gustavo Bebianno, que saiu acusado de corrupção dentro de seu Partido Social Liberal (PSL), o escândalo de candidaturas-fachada?

JB – Não, não foi por causa de suspeitas de corrupção que saíram. Sua partida foi por outras razões.

LN – Por que então? Ele nunca explicou bem.

JB -Eu não quero entrar em detalhes, mas foi por causa de um contato que estava muito próximo da mídia.

Como se nota, Bolsonaro não quer e não acha que tem que entrar em detalhes sobre a saída de um ministro de seu governo em meio a denúncias de corrupção advindas de membros de seu próprio partido. Mas foi a sua relação supostamente próxima com órgãos de imprensa brasileiros que tirou o presidente do sério, que o fez demitir o subordinado.

Depois ficam achando na Europa que quem apoia este governo está defendendo uma ideia autoritária de governo de força e pouco afeito a críticas e posturas independentes. Mas aí é culpa da imprensa internacional, que deturpa os fatos.

O presidente Jair Bolsonaro Crédito Agência Brasil