Em se tratando de Bolsonaro, corno é o melhor dos adjetivos. Por Nathalí

Atualizado em 4 de setembro de 2021 às 13:05
Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro. Foto: Evaristo Sa/AFP

Por Nathalí Macedo

A suposta traição da ex-mulher de Jair Bolsonaro continua repercutindo.

#BosonaroCorno ficou entre os assuntos mais comentados do Twitter ontem (3), depois que um ex-assessor da familícia, Marcelo Luiz Nogueira dos Santos, entregou em uma entrevista que a advogada Ana Cristina Vale traía o marido com o segurança.

Segundo ele, a mulher dava seus pulos – ou seria melhor dizer puladas de cerca? – para lidar com a realidade dura de ter que dormir com Bolsonaro todas as noites.

Não julgo. Sabe-se lá de onde se pode tirar forças pra acordar com o bom dia daquele homem. Mas a internet, meus amigos, essa julga, sim, e quase nunca absolve.

O ex-assessor (e ao que tudo indica, ex-amigo) disse que, antes de descobrir que era corno, Bolsonaro contava com o gerenciamento de Ana Cristina no esquema das rachadinhas.

Quando os chifres começaram a aparecer, o presidente transferiu para os filhos (Flávio e Carlos) a tarefa de chefiar essa parte de seus esquemas criminosos.

Sim, essa é a mesma ex-mulher que relatou ameaças de morte vindas de Bolsonaro no Itamaraty.

O que significa dizer que homem acusado de ameaçar a vida da mãe dos próprios filhos está na presidência.

A mesma mulher que ele recrutava pra chefiar um esquema muito maior do que o diminutivo “rachadinha” pode sugerir, um esquema que distribui cargo público pra parente como quem faz galinha gorda.

Diante desse cenário trágico, meus queridos, a coisa que menos importa é se Bolsonaro é corno ou não, embora eu acredite que deva ser (porque não parece possível ser casada com ele sem alguma outra distração).

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Pelo amor de Deus, meus camaradas.

Eu não sei se é ético, e também não me importo.

O que dá pra saber é que Bolsonaro é muita coisa pior que corno: corrupto, por exemplo. Nepotista. Homenageador de miliciano e torturador.

Supra sumo da imoralidade do brasileiro médio. São muitos os adjetivos e locuções adjetivas possíveis, como podemos ver.

Corno é o melhor adjetivo que se pode empregar a Bolsonaro a essa altura de sua vida e de seu legado podre.

Afinal, os cornos não fazem mal a ninguém – e deve haver agora cornos no Brasil inteiro ofendidos por serem colocados no mesmo grupo que um genocida.

Em respeito a eles, eu particularmente prefiro os outros adjetivos.

Nathalí Macedo
Nathalí Macedo, escritora baiana com 15 anos de experiência e 3 livros publicados: As mulheres que possuo (2014), Ser adulta e outras banalidades (2017) e A tragédia política como entretenimento (2023). Doutora em crítica cultural. Escreve, pinta e borda.