Bolsonaro amarga atos esvaziados após traição da pátria por Eduardo e vê prisão na esquina

Atualizado em 3 de agosto de 2025 às 15:21
Avenida Paulista durante ato pró-Bolsonaro. Foto: Reprodução

Os atos bolsonaristas realizados neste domingo (3) em ao menos 15 capitais confirmaram o que se tornava cada vez mais evidente: Jair Bolsonaro perdeu a força nas ruas e o apoio de setores que antes o sustentavam.

Sem o ex-presidente, obrigado a permanecer em casa com tornozeleira eletrônica, e sem seus filhos ou aliados de peso, as manifestações foram esvaziadas e simbolizaram a marcha fúnebre de um líder em desintegração política.

Convocados após as medidas impostas pelo ministro Alexandre de Moraes e pelo tarifaço de Donald Trump, os protestos tinham como objetivo “marcar posição” contra o Supremo Tribunal Federal e o governo Lula.

Mas o que se viu foi um retrato da fadiga do bolsonarismo: praças vazias e pouca presença popular. Apenas os velhos brancos de sempre. Na Avenida Paulista, a expectativa de multidão virou decepção. Sem telão, sem fala de Bolsonaro, restaram bonecos infláveis de Lula e Moraes e discursos ressentidos, como o do pastor Silas Malafaia – todo o público presente não chegou a ocupar mais que três quarteirões.

O maior derrotado do dia, no entanto, foi Eduardo Bolsonaro. Traidor da pátria em meio às articulações por sanções contra o Brasil nos EUA, o deputado se tornou o rosto de um protesto fracassado, onde nem mesmo os aliados quiseram aparecer.

Além do esvaziamento popular, chamou atenção a ausência quase total de figuras políticas de peso. Nenhum governador compareceu aos atos, e até mesmo parlamentares bolsonaristas mais ativos evitaram exposição. A mobilização ficou restrita a figuras como Malafaia, que ensaiaram discursos inflamados sem eco nas ruas. A falta de presença institucional realça o isolamento crescente do grupo, que não conseguiu atrair nem prefeitos de grandes cidades nem lideranças estaduais dispostas a vincular suas imagens a um movimento em franca decadência.

Nos bastidores, o Republicanos já fala abertamente em afastamento. Prefeitos e lideranças do interior paulista relataram dificuldades para encher ônibus e admitiram que a adesão caiu para um terço do que foi em fevereiro de 2024. A estratégia de cooptar evangélicos nas igrejas ainda funcionou em parte das cidades, mas o esvaziamento geral indica que o bolsonarismo perdeu seu fôlego.

É a coroação de sua louca cavalgada nos EUA: encenar o velório político do próprio pai, cada vez mais perto da cadeia.

 

Kiko Nogueira
Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.