Bolsonaro ataca índios porque tem compromisso com o sistema financeiro, defende bispo

Atualizado em 25 de setembro de 2019 às 19:24
O presidente Jair Bolsonaro – Evaristo Sa/AFP

PUBLICADO NO REDE BRASIL ATUAL

O bispo da Prelazia de Marajó, no Pará, Dom Frei Evaristo Pascoal Spengler, repercutiu hoje (25), na Rádio Brasil Atual, os ataques do presidente, Jair Bolsonaro (PSL), aos povos indígenas. Em seu discurso na abertura da Assembleia-Geral da ONU ontem (24), em Nova York, o presidente de extrema-direita defendeu a exploração econômica de áreas indígenas e criticou lideres reconhecidos, especialmente o cacique caiapó Raoni.

Bolsonaro disse que Raoni seria uma “peça de manobra”. O cacique é um forte nome para o Prêmio Nobel da Paz. “Bolsonaro tem um compromisso com o sistema financeiro internacional e não com os povos indígenas tradicionais da Amazônia. Não tem compromisso ambiental. Tudo que ele fala é para transmitir uma imagem de governo que ele não tem. Neste sentido, o governo é esquizofrênico. Ele afirma que quer preservar a Amazônia mas sua prática é de colocar as piores pessoas para cuidar dos ministérios, do Ibama”, resumiu dom Evaristo.

O bispo afirmou à rádio que a Amazônia está sob disputa. Ele defende que dois modelos estão em conflito. “Um, dos povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos que usam a floresta em harmonia, usufruem do meio ambiente e a conservam. O outro é o predatório, que chega a partir do monocultivo, das madeireiras e mineradoras que destroem a Amazônia”. Bolsonaro apontou diretamente para esses setores. Disse, inclusive, que as grandes reservas indígenas Raposa Serra do Sol e Yanomami deveriam ser destinadas para a exploração.

“Bolsonaro tem um lado nessa disputa: o dos que vão destruindo a Amazônia”, completou o bispo.

Especialmente sobre Raoni, que esteve hoje na Câmara dos Deputados para prosseguir em sua defesa dos povos da floresta, Dom Evaristo afirmou que “ele tem uma prática histórica de defesa do meio ambiente. Ele sim tem uma história e uma legitimidade, uma defesa da floresta, como teve Chico Mendes. Pessoas que têm história e respeito internacional”. Bolsonaro vociferou que “acabou o monopólio do senhor Raoni”.

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