
O deputado federal André Fernandes (PL-CE) afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro deu aval para que o PL apoie Ciro Gomes (PSDB) na disputa pelo governo do Ceará em 2026. Principal nome do bolsonarismo no estado, ele disse que a decisão foi tomada com o conhecimento e a autorização direta de Bolsonaro.
“Obviamente, tudo que eu fiz e que eu estou fazendo, eu tive aval de Jair Bolsonaro. Ele poderia até ter outras ideias, mas ele nos ouviu, nos atendeu e mandou tocar [o acordo com Ciro]”, declarou André em entrevista coletiva, após reunião com deputados da oposição na Assembleia Legislativa.
Segundo ele, Bolsonaro teria dito em visita a Fortaleza que lhe dava “a responsabilidade de tocar esse projeto no estado”. O apoio do PL a Ciro ocorre em um cenário em que o partido não possui um nome competitivo para disputar o governo.
Aos 28 anos, André não pode concorrer por ainda não ter atingido a idade mínima de 30 anos. A sigla busca montar uma chapa forte para enfrentar o atual governador Elmano de Freitas (PT), que deve tentar a reeleição.
Nos bastidores, o acordo inclui a indicação do pastor Alcides Fernandes (PL), pai de André, para disputar o Senado na chapa de Ciro. Os demais cargos da aliança, vice e segunda vaga ao Senado, ainda estão sendo negociados com outras legendas, como o União Brasil, que também integra o campo oposicionista no Ceará.

A aproximação entre Ciro e o PL ficou evidente na filiação de Ciro ao PSDB, em evento realizado em Fortaleza no último dia 22. A cerimônia reuniu figuras da direita e da extrema-direita cearense, entre elas o próprio André e seu pai.
Entre os presentes também estava o Capitão Wagner (União Brasil), antigo adversário de Ciro. Ambos já trocaram acusações públicas: Ciro chegou a chamá-lo de “chefe de milícia da PM” e o culpou pelo aumento da violência no estado.
No discurso, Ciro defendeu a união das oposições para derrotar o PT. “Não devemos ter medo de falar das diferenças com honestidade e humildade. Aqui não tem ladrão, e lá [no PT] pode dizer isso?”, disse o ex-ministro.
André reconheceu as divergências ideológicas, mas defendeu o diálogo: “Não só eu, mas a maioria dos integrantes do PL têm, sim, algumas divergências com Ciro Gomes. Mas hoje a gente está convergindo muito mais do que divergindo”.
Ciro, por sua vez, retribuiu o gesto e elogiou o deputado: “Tenho a honra de estarem aqui partidos com que alimento afinidade. Algumas desavenças, que vamos amadurecer fraternalmente. André é um jovem talento.”