Bolsonaro burlou restrição judicial com listas de transmissão do WhatsApp, diz PF

Atualizado em 21 de agosto de 2025 às 19:42
Jair Bolsonaro durante depoimento no STF. Foto: Antonio Augusto/STF

Mesmo proibido de usar redes sociais, Jair Bolsonaro (PL) enviou mensagens para cerca de 400 contatos, segundo relatório da Polícia Federal. As listas de transmissão no WhatsApp reuniam políticos, policiais, pastores, empresários, influenciadores e militares.

Entre os destinatários estavam pelo menos dez lideranças religiosas. Além de Silas Malafaia, constavam nomes como Abner Ferreira, da Assembleia de Deus de Madureira, Samuel Câmara, da Assembleia de Deus em Belém, Renê Terra Nova, do Ministério Internacional da Restauração, e César Augusto, da Igreja Fonte da Vida.

A lista também incluía figuras conhecidas, como o cantor Amado Batista e o ex-piloto Nelson Piquet. Entre os influenciadores bolsonaristas, receberam mensagens Bárbara Destefani, do canal Te Atualizei, e Barbara Kogos.

Bolsonaro ainda enviou recados a coronéis das polícias militares do Distrito Federal, do Ceará e do Rio de Janeiro. O relatório mostra que militares de alta patente, identificados como almirantes, coronéis e brigadeiros, também estavam entre os contatos.

O conteúdo foi localizado no celular de Bolsonaro, apreendido em 4 de agosto. Ele está proibido de usar redes sociais desde 21 de julho, quando o ministro Alexandre de Moraes determinou medidas cautelares.

Ricardo Nunes (MDB). Foto: Reprodução
Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo – Divulgação

As listas de transmissão tinham ainda ao menos 121 deputados federais e estaduais e 26 senadores, a maioria do PL. O ex-presidente também encaminhou mensagens ao prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), ao vice, Coronel Mello Araújo (PL), e a vereadores aliados.

A PF identificou “grande atividade de compartilhamento” no WhatsApp. As mensagens incluíam vídeos sobre a Lei Magnitsky, que atingiu Alexandre de Moraes, além de convocações para os atos bolsonaristas de 3 de agosto.

Foram descobertas quatro listas de transmissão no celular de Bolsonaro. Essa ferramenta permite enviar o mesmo conteúdo para várias pessoas de forma simultânea, sem criar grupos.

Na manhã de 3 de agosto, dia das manifestações, Bolsonaro disparou um vídeo para todos os contatos. O material, produzido pelo advogado Davi Aragão, tinha o título: “O que acontece se o Brasil desafiar a Lei Magnitsky e Trump?”.

O relatório também inclui mensagens em que Bolsonaro orienta aliados a publicar vídeos e conteúdos em seu lugar.

O documento final foi encaminhado ao STF na sexta-feira. Bolsonaro e um de seus filhos foram indiciados por coação no curso do processo e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.