Bolsonaro carimbou Flávio Dino como o grande nome da oposição e do resgate da democracia. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 19 de julho de 2019 às 23:31
Flávio Dino e um desclassificado

A declaração xenofóbica de Jair Bolsonaro sobre os nordestinos coroou um dia em que Bolsonaro foi mais Bolsonaro do que nunca.

Em sua psicose, declaro que o Brasil não tem fome, que Míriam Leitão participou de guerrilha, que vai censurar o cinema.

Ainda alçou Flávio Dino, governador do Maranhão, ao posto de principal opositor ao fascismo.

Um homem pode ser medido por seus inimigos.

E Dino foi presenteado com os vitupérios de um presidente despreparado, que o ameaçou, e aos maranhenses, de uma vingança barata.

Num vídeo oficial — editado depois –, Bolsonaro aparece conversando ao pé do ouvido com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, antes do início de entrevista coletiva a correspondentes estrangeiros durante café da manhã.

“Daqueles governadores de ‘paraíba’, o pior é o do Maranhão. Não tem que ter nada para esse cara”, disse Jair.

Quando Bolsonaro citava “um picareta” e um “ex-deputado”, a conversa foi interrompida pelo porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, que fez uma saudação aos jornalistas.

Pelo Twitter, Dino escreveu que, “independentemente de suas opiniões pessoais, o presidente da República não pode determinar perseguição contra um ente da Federação”.

“Seja o Maranhão ou a Paraíba ou qualquer outro Estado. ‘Não tem que ter nada para esse cara’ é uma orientação administrativa gravemente ilegal”, apontou.

Dino foi eleito, em pesquisas recentes, o melhor governador do Brasil.

Juiz federal, tem sido, desde que derrotou Sarney e seus gafanhotos, um homem público corajoso, denunciando os desmandos de Sergio Moro e da Lava Jato.

Recebe de brinde a agressão de um desclassificado — que, por vias indiretas, o promove. 

Jair Bolsonaro o agride porque o teme. 

E o teme porque sabe que Dino representa tudo o que ele não é: a vitória da democracia e a derrota, cedo ou tarde, desse bolsonarismo vagabundo.