Bolsonaro culpa o PT, e com razão. Por Eric Nepomuceno

Atualizado em 14 de julho de 2021 às 21:09

Publicado originalmente no Jornalistas pela Democracia

Por Eric Nepocumeno

Depois de ter convivido dias e dias com ataques contínuos de soluços sem consultar um médico, Jair Messias passou mal na madrugada de quarta-feira, foi internado e constataram uma obstrução intestinal. Foi levado às pressas para São Paulo.

Enquanto ele esperava o resultado dos exames no hospital das forças armadas em Brasília, as redes sociais manejadas por alguém que não o presidente espalharam uma mensagem dizendo que a obstrução intestinal seria ainda uma consequência da famosa facada que Jair Messias levou em 2018 de um enfermo mental que alguma vez foi filiado ao PSOL.

A mesma mensagem descreve o PSOL como “braço esquerdo do PT”. Que eu saiba, braços – tanto esquerdo quando o direito – integram um mesmo corpo. É então a primeira vez na vida que ouço que uma dissidência que levou à ruptura, ou seja, uma amputação, continua integrando um mesmo corpo. Em se tratando de Jair Messias, em todo caso, há sempre espaço para aberrações, mesmo quando não escritas diretamente por ele.

Leio uma série de razões que podem levar a uma obstrução intestinal, com médicos explicando cada uma das causas.

Tenho, porém, uma sugestão para que avaliem: nas últimas semanas, com ferocidade cada vez mais aguda, Jair Messias vem expelindo pela boca excrementos contra ministros do Supremo Tribunal Federal, senadores, o próprio presidente do Tribunal Superior Eleitoral, e não perde a oportunidade de despejar parte de sua carga também contra o PT e Lula.

O que gostaria de perguntar aos doutores é se o excesso de matéria fecal despejada contra o PT ao menos duas vezes por dia por uma boca já carregada de boçalidade não pode ter alterado de maneira drástica o funcionamento do intestino presidencial, cujo conteúdo acabou embolado.

A tempo: desejo o restabelecimento de Jair Messias. Que pode até demorar um pouco, para poupar o país de contemplar sua conduta cada vez mais descontrolada e enfurecida, mas que aconteça.

Espero que a ciência que ele tanto despreza – um desprezo, aliás, que contribuiu de maneira decisiva para a perda de centenas de milhares de vida na tenebrosa pandemia que ele ignorou – seja capaz de devolvê-lo inteiro.

Que saia desta totalmente recuperado, para cumprir o que o futuro lhe reserva: uma vez catapultado da poltrona presidencial, seu destino inicial será um tribunal internacional.

E seu destino final, que espero com toda minha esperança, será uma cela de cadeia pelo resto da vida, que também espero que seja extremamente prolongada.