Bolsonaro dever sua eleição a um louco diz muito sobre nossa democracia. Por Carlos Fernandes

Atualizado em 8 de março de 2019 às 15:24
Adelio Bispo de Oliveira, o homem que deu facada em Bolsonaro

Pouco ou nada foi mais determinante nas eleições de 2018 do que a facada que vitimou o então candidato a presidente da República, Jair Bolsonaro.

Envolto em suspeitas, desconfianças e teorias da conspiração das mais variadas montas, o fato inquestionável é que o atentado alavancou paulatinamente os seus índices de intenções de votos a cada pesquisa realizada a partir dali.

O evento em si – que para além de criar um clima de comoção e empatia para com o candidato próximo ao que se verificou com a imediata ascensão de Marina Silva após o desastre aéreo que nos tirou do convívio Eduardo Campos nas eleições de 2014 – também lhe forneceu a providencial desculpa de não mais poder participar dos debates onde, provado já estava, levava humilhante desvantagem.

Dado o ocorrido, difícil era essa gente não tirar proveito político.

As especulações de que partidos de esquerda estariam envolvidos, notadamente o PSOL, não tardaram a pipocar. A ideia de que as “forças negras da política brasileira” estavam empenhadas em tirar do páreo a qualquer custo o “salvador da pátria”, foram amplamente divulgadas a base de estelionatos politiqueiros, chantagens emocionais e, claro, Fake News.

No que pese o completo atordoamento de todas as demais forças políticas diante inédito acontecimento a nível nacional, o dito “outsider” que já surfava inacreditavelmente na onda do descrédito das instituições brasileiras, soube, da noite para o dia, também surfar na onda do coitadismo, algo que, por ironia, acusava incessantemente todos os seus adversários.

Pois bem! Uma vez eleito na esteira de peripécias tão canhestras, começa agora a vir à tona os estímulos que impulsionaram Adélio Bispo de Oliveira a fazer o que fez.

Um laudo pericial elaborado por especialistas a partir do pedido feito pela justiça indicou que o autor da facada sofre de uma doença mental e, portanto, não pode ser punido criminalmente pelos seus atos.

Como não quero aqui ficar especulando sobre o que seria supostamente o desenrolar de um grande acordo para uma saída mais honrosa e nada criminal para um sujeito que concordou participar de uma grande farsa eleitoral, só me resta ficar com os dados oficiais.

Independentemente do que qualquer um possa conjecturar lá com os seus botões sobre o assunto, o mínimo que temos em mãos para a vergonha geral da nação é que o atual presidente de nossa República deve a sua eleição em gigantesca medida a um louco clinicamente atestado.

Como esse país virou realmente um verdadeiro caso de hospício, não me custa chegar a uma curiosa conclusão que me permite afirmar, a despeito da liberdade poética, de que hoje vivemos literalmente a realidade turva de quem já não possui capacidades intelectuais suficientes para discernir o que é certo do que é errado.

Verdade seja sempre dita, para um país que chegou a esse absurdo estado de coisas, único melhor a nos representar nessa situação tão estapafúrdia do que Jair Bolsonaro, seria o próprio Adélio Bispo.

Ele pelo menos, dentro em breve, estaria a nos governar no local apropriado onde ambos desde muito cedo já deveriam ter sido encaminhados para cuidados médicos:

O manicômio.