
Condenado a 27 anos e três meses de prisão pela trama golpista, Jair Bolsonaro (PL) terá de enfrentar um dilema político que coloca em choque dois de seus principais aliados: o filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o Centrão. No centro da disputa está a articulação sobre o projeto de anistia aos envolvidos nos atos do 8 de Janeiro, que segue em discussão na Câmara dos Deputados e no Supremo Tribunal Federal (STF). As informações são do Metrópoles.
De um lado, Eduardo Bolsonaro defende uma anistia “ampla, geral e irrestrita”, que beneficiaria todos os condenados pelos ataques golpistas, incluindo militares, organizadores e o próprio ex-presidente. O deputado tem liderado o movimento junto à ala mais radical da direita, pressionando o Congresso para não aceitar um acordo que reduza o alcance da medida.
O Centrão, por outro lado, conduzido pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), trabalha em uma proposta mais moderada. A ideia é negociar com o STF uma redução das penas de Bolsonaro e dos demais condenados, mas sem perdoar integralmente todos os envolvidos nos atos que atentaram contra a democracia. Esse arranjo, segundo interlocutores, teria mais chances de avançar no Legislativo.

O impasse coloca Bolsonaro em posição delicada. Caso opte pelo silêncio, o gesto pode ser interpretado como aval ao Centrão, que oferece uma saída jurídica menos desgastante junto ao Judiciário. Mas, se decidir apoiar publicamente a posição do filho, Bolsonaro poderá tensionar ainda mais a relação com líderes do Congresso e aumentar o isolamento político.
O dilema surge em um momento em que o ex-presidente está em prisão domiciliar, após decisão do ministro Alexandre de Moraes, e busca manter influência política mesmo diante da condenação. Para aliados, a definição sobre a anistia servirá como um teste do peso de Bolsonaro na articulação política em Brasília.
Nos bastidores, líderes avaliam que a escolha de Bolsonaro pode determinar os rumos da direita em 2026. Se apoiar o Centrão, pode garantir algum espaço de negociação para influenciar a sucessão presidencial. Se seguir Eduardo, reforça seu vínculo com a ala mais ideológica, mas corre o risco de perder sustentação entre os partidos que dominam o Congresso.