Bolsonaro é a terminação lógica do golpe de 2016. Por Luís Felipe Miguel

Atualizado em 4 de novembro de 2018 às 22:19
Jair Bolsonaro. Foto: Miguel Schincariol/AFP

Folha dá, em manchete: “País tem 41 casos de agressão à liberdade de ideias em um ano”.

Estão na lista peças censuradas, quadros apreendidos, jornalistas impedidos de participar de coletivas, candidatos silenciados pela justiça eleitoral, livros vetados em escolas, faixas antifascistas recolhidas de universidades, capas de disco retiradas do Instagram.

Mas os cursos sobre o golpe de 2016, em dezenas de universidades de todo o país, não são lembrados. Embora tenham sofrido diversas tentativas de censura – do MEC, de parlamentares, de juízes, de procuradores.

Os conservadores liberais que se sentem assustados com a vitória de Bolsonaro, entre os quais a própria Folha, não admitem a continuidade entre o golpe e a ascensão neofascista. Como seus congêneres de 1964, aferram-se à ilusão que alimentaram, mesmo depois que o fatos a destruíram: a ilusão de uma intervenção pontual, que afastasse a esquerda e depois retomasse o curso luminoso de uma “democracia” imune a surpresas, despida da expressão dos interesses populares.

Mas a única maneira de obter esta “democracia” higienizada é uma espiral ascendente de violência. É a repressão permanente à dissidência política, com a destruição das liberdades. À parte sua bufonaria, Bolsonaro é a terminação lógica do golpe.