Bolsonaro e as declarações levianas: não esperem explicações do capitão. Por Moisés Mendes

Atualizado em 1 de agosto de 2019 às 7:22
O presidente da República, Jair Bolsonaro (Evaristo Sá/AFP)

Publicado originalmente no blog do autor

POR MOISÉS MENDES

Bolsonaro terá de se submeter a dois questionamentos sobre a declaração de que sabe como mataram Fernando Santa Cruz, militante de esquerda e pai do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz.

O próprio Felipe Santa Cruz, com o apoio de sete ex-presidentes da OAB, protocolou uma interpelação no Supremo para que Bolsonaro dê as explicações. Se sabe, que conte o que sabe.

A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, do Ministério Público Federal, também cobra que Bolsonaro informe sobre a morte do estudante, que desapareceu em 1974 depois de ser preso pela ditadura.

Os procuradores advertem para o seguinte: um desaparecimento forçado, como foi esse caso, é considerado crime permanente até que seja descoberto o paradeiro da vítima.

Qualquer pessoa que tenha conhecimento sobre o caso e não revele o que sabe à Justiça pode ser considerada participante do crime.

Vamos tentar prever o que vai acontecer com o sujeito que exalta torturadores e assassinos. Bolsonaro vai dar um drible, como sempre deu, e não vai responder nada. E daí?

E daí que ficará por isso mesmo. Até quando? Até o dia em que, sob pressão, o governo se sentir acossado por alguma forma de inquietação popular.

Quando isso acontecerá? Se fosse no Uruguai, no Chile, na Argentina ou em Porto Rico, já teria acontecido, com o povo nas ruas. Aqui, talvez não aconteça muito cedo, se é que vai acontecer.