Para dar espaço a um nome de “centro”, Bolsonaro é demolido pela mesma mídia que o criou. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 12 de janeiro de 2018 às 12:35
Tietando o “Japonês da Federal”, acusado de participar de um esquema de contrabando

Jair Bolsonaro está sendo destruído pela mesma mídia sem a qual ele não existiria. Nem Sheherazade o quer mais.

Há dias a Folha de S.Paulo, depois que a Globo iniciou o serviço, se dedica a esmiuçar os hábitos corruptos do candidato da extrema direita.

A devassa demorou a ser feita, dado que Bolso está na Câmara dos Deputados há 27 anos, mas antes tarde do que mais tarde.

Além dos filhos na carreira do pai — um deles, Flávio, fenômeno do mercado imobiliário no RJ —, ele empregou ex e atual mulher, tem funcionária fantasma, usa auxílio moradia (“pra comer gente”, admite) etc.

Não vai perder um único voto, já que seus seguidores analfabetos funcionais o amam por motivos outros. Basicamente, seu jeitinho fascista de ser. Mas não vai ganhar novos.

Finalmente descobrimos que JB é um político como qualquer outro. 

Quer dizer, na verdade, alguns são mais iguais que outros.

Esse esforço de reportagem, que só se vê quando o assunto é Lula, jamais foi ou será feito para investigar Alckmin, Serra, Doria ou algum outro tucano amigo.

Bolsonaro é fruto da polarização e do discurso de ódio cultivado pela imprensa nos últimos anos.

A demonização da esquerda, a papagaiada “anticomunista” nos protestos pelo impeachment, a radicalização débil mental da classe média, o antipetismo mais rasteiro, a obsessão com a Venezuela e o bolivarianismo — tudo isso foi estimulado em TVs, jornais e revistas.

Bolso incorporou esse sentimento e surfou nele sem ser incomodado. 

Agora precisa ser tirado do caminho para abrir espaço para um nome de “centro”. No momento é o Geraldo. Amanhã pode ser o Huck. E por aí vai.

Bolsonaro é o otário que achou que podia comer na mesa deles. Puxou o saco de poderosos, tentou se travestir de liberal, foi atrás de Sergio Moro como uma biebermaníaca. 

Está descobrindo que nunca passou de um cachorro louco e seu lugar é no canil da Casa Grande.