
Interlocutores do Planalto afirmaram que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ficou de fora das negociações durante o telefonema de Donald Trump para o presidente Lula (PT), ocorrido na manhã desta segunda-feira (6), segundo Andréia Sadi, da GloboNews. Foi o primeiro diálogo oficial entre os dois desde que os EUA aplicaram uma tarifa sobre a importação de produtos brasileiros. Na carta em que anunciou a medida, Trump citou como um dos motivos o julgamento de Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Para o Planalto, a ausência de Bolsonaro como elemento das negociações sugere que o ex-presidente está, neste momento, escanteado das negociações entre Brasil e EUA sobre o tarifaço.
Reforçam essa impressão, segundo os interlocutores ouvidos pelo G1, os seguintes fatos: a ligação partiu de Trump; os dois combinaram de se encontrar; trocaram telefones, para dispensar intermediários; e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, que é interlocutor de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), foi encarregado de negociar o tarifaço com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB).

Dada a imprevisibilidade de Trump, porém, o Planalto mantém cautela. Avalia que, de uma hora para outra, o republicano pode voltar a colocar o ex-presidente como ponto central das negociações. A postura pragmática demonstrada por Trump durante o telefonema contrasta com suas declarações anteriores, quando citou explicitamente o processo contra Bolsonaro como justificativa para as medidas comerciais contra o Brasil.
Entre aliados de Bolsonaro, o clima é de derrota. Eles admitem que o telefonema reforça aquilo que já percebiam: que Eduardo e Paulo Figueiredo não têm monopólio de interlocução com a Casa Branca.
Isso já havia começado a ruir quando Trump disse, na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que teve uma química com Lula. A esperança, agora, é que o ex-presidente consiga algum aceno de Trump como forma de reforçar a ligação ideológica entre os dois.