Bolsonaro é o retrato típico daquela criança mimada que tem a bola, mas não tem amigos. Por Alexandre Frota

Atualizado em 20 de abril de 2020 às 12:42
O presidente Jair Bolsonaro conversa com o deputado Alexandre Frota no plenário da Câmara durante solenidade em maio deste ano — Foto: Michel Jesus/ Câmara dos Deputados

Bolsonaro é o retrato típico daquela criança mimada que tem a bola, mas não tem amigos. Que consegue montar um time e ser o capitão porque é dono da bola, mas, se o juiz apita a falta, diz que vai pegá-la e sair do jogo.

Se o centroavante joga melhor do que ele, pega a bola e sai do jogo. Foi assim com Mandetta! Coloca os filhos para jogar e, se alguém reclama, pega a bola e sai do jogo.

Disse que a urna eletrônica é fraudada. Como assim se ganhou a eleição? Mas foi fraudada, porque senão teria ganho no primeiro turno.

Não negocia com ninguém! Então está definitivamente no lugar errado, porque Presidente da República tem que negociar com os demais Poderes, sem que isso implique em quaisquer concessões espúrias.

A negociação é fundamental, sobretudo nos momentos de crise. Nem sempre os projetos saem do jeito que o Governo quer, até porque muitas vezes estão errados. Para isso existe o processo legislativo!

Negociar entre o que o Governo quer e o que é possível e constitucional está dentro das legítimas regras do jogo. Mas o dono da bola não aceita ser contrariado.

Quem o contraria é alvo de seus gabinetes do ódio e do seu exército de robôs, custeados por dinheiro público e por empresários gananciosos que não fazem nada de graça.

Já perceberam como Bolsonaro defende as empresas em detrimento dos consumidores? Quem pagou e perdeu viagem por causa da Covid-19 só vai receber o dinheiro pago de volta em doze meses. Essa é a famosa velha política. É o “me ajuda que eu te ajudo”.

Embora ele se julgue o diferente e o “messias”, só tem Messias no nome. O resto é de igual para pior.

Maia e Dória são os inimigos do momento.

Um porque tem colocado em votação os projetos de Governo, que estão sendo modificados, democraticamente, pela Câmara dos Deputados, dentro do que se entende mais adequado e melhor para a população.

Maia não faz nada sozinho!

Existem representantes eleitos pelo povo que votam os projetos.

Mas, mesmo assim, Bolsonaro elegeu Maia como o inimigo da República.

Dória, que segue estritamente as recomendações da Organização Mundial de Saúde e dos cientistas, é o outro inimigo. O exército de apoiadores de Bolsonaro, popularmente chamados de “gado” porque questionam tudo o que é científico, tudo o que vem da mídia, as mortes provocadas pela Covid-19 e pela ditadura, vem ameaçando Dória e sua família e fomentando pedidos de impeachment sem qualquer base jurídica.

Tudo orquestrado!

Bolsonaro chama de traidores aqueles que dele discordam.

Tentou tomar o PSL a força, porque achou que também era o dono daquela bola, e não conseguiu. Aí resolveu criar o Aliança pelo Brasil, partido que pretende presidir porque não aceita divergências e quer mandar em absolutamente tudo.

Ao chegar ao poder abandonou seus aliados de primeira ordem Julian Lemos, Joice Hasselmann, Paulo Marinho, Gustavo Bebianno, dentre outros. Esse último infartou de desgosto! Quem traiu quem?

Como não aceita divergências, nem mesmo decisões do STF que lhe são contrárias, Bolsonaro, dono da bola e rei do gado, berranteia o fechamento do Congresso Nacional e do STF, contrariando cláusula pétrea da Constituição Federal que jurou defender no ato de sua posse.

Quem diverge é petista ou comunista, pechas que se estendem aos poderes da República. Bolsonaro é um narcisista com mania de perseguição, que acha que o mundo gira em torno dele e que tudo acontece em razão dele.

Todos estão errados e apenas ele e seus filhos, Dudu Bananinha, Flávio Rachadinha e Carlos da Milícia, estão certos.

Os Governadores, os Congressistas e os Ministros do STF estão errados e conspirando para que o Brasil e o Governo caiam em desgraça.

A culpa não é do Paulo Guedes, que não fez nada de concreto para melhorar a economia antes da Covid-19.

A culpa não é do Weintraub, cuja alfabetização não o credencia sequer para a função de professor primário, quanto mais para Ministro da Educação.

A culpa não é do Presidente República, que só defende o Brasil no discurso, só fomenta a discórdia e produz conflitos diários que tiram as ações institucionais de seu rumo.

O Brasil não é hidroxicloroquina, para o Presidente usar de forma irresponsável e sem seguir estritamente sua viga mestra, que é a Constituição Federal.

Presidente da República, que não respeita a Constituição e que fomenta e participa de manifestações de fechamento dos demais Poderes da República, comete crime de responsabilidade e deve sofrer processo de impeachment.

O povo Brasileiro, e não o gado que participa dessas manifestações esparsas, merece ultrapassar essa grave crise com alguém que saiba comandar e conversar minimamente com os outros Poderes.

O Vice-Presidente da República, General Hamilton Mourão, tem muito mais condições e unidade dos poderes para comandar o país e atravessar essa crise.