Bolsonaro e Salles fazem jus à alcunha de ecocidas. Por Gabriel Bitencourt

Atualizado em 11 de novembro de 2019 às 11:51
A queimada na Amazônia. Crédito: Ria Sopala, por Pixabay

De forma cinicamente criminosa, o presidente da república admitiu a investidores árabes que a terrível queimada da floresta amazônica, tratada com certa naturalidade pelo governo federal, foi, por ele, “potencializada”.  Segundo suas palavras, “porque não me identifiquei com políticas anteriores no tocante à Amazônia”.

E a avassaladora destruição, cacifada e estimulada por este governo, segue seu apocalíptico curso.

Em setembro, a estimativa do Sistema de Alerta de Desmatamento do instituto de pesquisa Imazon foi de que 802 quilômetros quadrados (km2) foram derrubados em 30 dias. Isso significa um aumento de 80% em relação ao mesmo mês do ano anterior.

Para dar continuidade à sanha ecocida, o presidente revogou nesta quarta-feira, dia 06, o decreto 6961/09, que estabeleceu o zoneamento agroecológico da cana-de-açúcar e impedia sua expansão para áreas ambientalmente sensíveis como o Pantanal e a Amazônia.

Não achando suficiente esta verdadeira artilharia ecocida sobre a maior floresta tropical do mundo, está em estudo no governo a criação de um projeto de lei que possibilite a prática de mineração em territórios indígenas.

Os manguezais também se encontram na rota de destruição.

Uma alteração do Plano de Ação Nacional (PAN) para os manguezais vai permitir a criação de crustáceos em cativeiro. A mudança foi solicitada pelo secretário da pesca, Jorge Seif Júnior, o mesmo que afirmou que os peixes são inteligentes e fogem das manchas de óleo nos oceanos.

Este tipo de cultivo é extremamente danoso aos manguezais, que são considerados berçários da vida marinha.

Que ninguém se espante!

Tudo que o presidente da república, acompanhado por seus ministros, faz de agressão ao meio ambiente sempre esteve presente em suas declarações, em seus discursos como deputado, como candidato à presidência da república e, posteriormente, como presidente do país. Aliás, sempre é bom lembrar que o Brasil, nas últimas décadas, era respeitado e se orgulhava de seu protagonismo na preservação da biodiversidade e no combate às alterações climáticas.

Hoje, somos criticados, boicotados e mal vistos pelo mundo afora.

Triste era estamos vivendo!

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Gabriel Bitencourt é ambientalista. Este texto foi publicado originalmente no seu blog.