Bolsonaro e sua obsessão por Lula: ele quer quebrar o recorde de público na posse. Por Joaquim de Carvalho

Atualizado em 31 de dezembro de 2018 às 19:47

Lula é uma ideia fixa da família Bolsonaro.

A mulher, Michele, já tinha se deixado fotografar com uma camiseta com a frase que a juíza Gabriela Hardt dirigiu a Lula, na audiência em que a magistrada tentou humilhar o ex-presidente, com uma agressividade que parecia quase incontrolável.

Hoje, no Twitter,  o filho mais novo dele, Carlos, postou um vídeo com momentos que ele considera marcantes de Jair Bolsonaro.

Em um dos trechos, Bolsonaro aparece socando o boneco de Lula com a roupa de presidiário, o Pixuleco, criado muito antes de Lula ser denunciado pelo Ministério Público Federal, nas manifestações de ódio, em que, a pretexto de combater a corrupção, brasileiros vestiam a camisa da CBF.

Este foi o caso em que a ficção se tornou realidade, pelo empenho da equipe de Deltan Dallagnol e o seu power point.

Agora, a assessoria de Jair Bolsonaro informa que ele pretende quebrar o recorde de público na posse presidencial, que pertence a Lula.

Em 2003, um público estimado em 250 mil pessoas acompanhou a posse de Lula.

Bolsonaro quer 500 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios.

Pode ser que consiga, pode ser que não – acredito que não.

Mas o número de presentes em Brasília, no ato da posse, não é o que importa.

O recorde que interessaria ao Brasil que Bolsonaro quebrasse é dos números que Lula apresentou ao terminar o mandato.

O ex-presidente entregou o cargo a Dilma Rousseff com um recorde de aprovação.

Segundo a pesquisa Ibope, divulgada em 16 de dezembro, 87% de brasileiros consideravam seu governo ótimo ou bom.

Na mesma pesquisa, 81% declararam que confiavam em Lula.

Temer está terminando seu curto mandato, obtido mediante um processo de impeachment sem crime de responsabilidade, com apenas 7% de aprovação.

Bolsonaro representa, sob muitos aspectos, a continuidade do governo Temer, já que a plataforma de ambos tem muitos em comum, como a reforma da previdência e a retirada de direitos trabalhistas.

Também aprofunda a participação de militares na vida civil, no caso de Temer representada pela influência do ministro do Gabinete Institucional, Sérgio Etchegoyen, e pela entrega da área de segurança pública do Rio de Janeiro para o Exército.

Com Temer, o Brasil voltou a conviver com manifestações ostensivas de militares nos assuntos da vida civil, como no caso do julgamento do habeas corpus de Lula.

Na ocasião, o comandante do Exército, general Eduardo Villas-Boas, disse, por meio do Twitter:

“Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais”

Agora, o governo que assume terá sete militares em postos-chave do governo, dois deles com gabinete no próprio Palácio do Planalto, além do vice, general Hamilton Mourão.

Com esse perfil, a equipe de Bolsonaro inicia um governo com mandato de quatro anos.

Será que, em 2022, ele terá os mesmos números de Lula?

Será que ele vai chegar a 2022 como presidente?

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Abaixo, o vídeo com as baixarias de Jair Bolsonaro selecionadas pelo filho, Carlos.