Bolsonaro ensaia um abraço de afogado nos generais. Por Leandro Fortes

Atualizado em 17 de novembro de 2022 às 17:40
Jair Bolsonaro em cerimônia do Dia do Soldado com o general Paulo Sérgio Nogueira
Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo

Por Leandro Fortes

Recluso no Palácio da Alvorada, onde se consome em ressentimentos e perebas, Jair Bolsonaro se entregou àquela que imagina ser sua última cartada de poder: impedir as Forças Armadas de participar do processo de transição em curso. Pretende, assim, levar a credibilidade da caserna ao colapso total, com o auxílio luxuoso de meia dúzia de generais irresponsáveis.

Ao negar a essa transição, Bolsonaro pretende dar uma derradeira demonstração de poder no único espaço do serviço público onde a hierarquia está acima do bom senso. Assim, em pleno uso da prerrogativa de comandante-supremo, arrastar os militares para as profundezas do desespero em que se encontra e se deslocar, definitivamente, da realidade política do País.

Lula ainda procura, auxiliado por dois de seus ex-ministros da Defesa, Celso Amorim e Jaques Wagner, uma saída diplomática para a porralouquice de Bolsonaro, para não precipitar uma crise que só interessa à horda de desocupados estacionada em frente aos quartéis. O trio tem buscado, sem sucesso, interlocutores junto aos comandantes militares para reiterar seu apreço às Forças Armadas.

A solução mais evidente, portanto, é um convite formal do coordenador da transição, Geraldo Alckmin, ao ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, para iniciar uma transição por cima, sem a ingerência dos comandantes militares – todos enfiados, até o pescoço, na areia movediça do bolsonarismo.

Signatário da auditoria mandrake sobre as urnas eletrônicas, o ministro também não é lá essas coisas, mas pode ser render à institucionalidade de modo a ser tocado pela razão. Caso se negue a conversar, vai amarrar a caserna ao naufrágio do governo Bolsonaro de forma irreversível.

A outra solução é ignorar o estamento militar comandado Bolsonaro e, a partir de 1° de janeiro de 2023, iniciar um necessário processo de expurgo funcional e mandar para a reserva o chorume bolsonarista que se recusa a aceitar o papel constitucional das Forças Armadas.

Aliás, de longe, a melhor opção.

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