Bolsonaro entra no modo “não me deixem só”. Por Fernando Brito

Atualizado em 19 de junho de 2020 às 11:40
Jair Bolsonaro (Mauro Pimentel/AFP)

PUBLICADO NO TIJOLAÇO

POR FERNANDO BRITO

A Folha traduz, hoje, uma percepção que já é a de muitos: Jair Bolsonaro vai se tornando aquilo com o que sempre se assemelhou, numa versão militarizada: Fernando Collor de Mello.

A análise de Igor Gielow sobre o fato de que incomodada com Queiroz, ala militar do governo fala em ‘ministério de notáveis’ para tentar recompor a imagem do governo registra, é certo, as semelhanças dos dois momentos históricos: da eleição consagradora à rejeição generalizada, tudo de fato se parece, além do fato de que o recém-preso Fabrício Queiroz e os filhos presidenciais em tudo lembram PC Farias e a “República de Alagoas” daqueles 30 anos atrás.

O plano, é óbvio, esbarra não só no fato do que pode ser chamado hoje de “notável” mas também no de que, merecendo esta classificação, alguém venha a se dispor a participar de um governo capitaneado por Jair Bolsonaro e seus filhos.

Só se agregará ao governo Bolsonaro quem pretenda roer a República para engordar-se.

Ou entrarão no governo novos militares, na receita do “mais do mesmo”.

Bolsonaro, que governou praticamente sem oposição, conseguiu, como Fernando Collor, ser a oposição a si mesmo.

E está a ponto de ser demolido por ser o que sempre foi e que muitos do que o contestam sabiam ser.