Bolsonaro envergonhou os brasileiros mais uma vez ao se manifestar como se fosse governado por Trump

Atualizado em 5 de fevereiro de 2020 às 7:27
A imagem de Trump que Bolsonaro reproduziu no Facebook

Pela primeira vez na história, um presidente brasileiro saudou o mais simbólico pronunciamento de um presidente dos EUA como “fantástico”. O que mais chamou a atenção é que Jair Bolsonaro reproduziu entre aspas um frase de Donald Trump:”Nosso trabalho é colocar os Estados Unidos em primeiro lugar”, disse.

Ao reproduzir a frase em sua página no Facebook, Bolsonaro está querendo dizer que concorda com Trump. Nesse caso, qual seria o papel do presidente brasileiro? Colocar o Brasil a serviço desse objetivo.

E, efetivamente, as ações do chefe de estado brasileiro mostram que a concordância de Bolsonaro não fica apenas no plano das ideias, de um desejo íntimo.

O discurso sobre o estado união, uma obrigação constitucional americana, se destina a informar à nação como estão as coisas naquele pais. No caso, informar à nação do norte.

Até o surgimento do rádio, os presidentes enviavam um relatório por escrito no início do ano ao legislativo.  Depois, passou a ser um discurso, transmitido pelos veículos de comunicação, como um grande acontecimento.

Entre os americanos, a fala do presidente é alvo de intenso debate, seja pelos veículos de comunicação ou diretamente entre as pessoas. Bolsonaro se comportou como se fosse governado por Trump, um cidadão norte-americano.

“Um discurso simplesmente FANTÁSTICO de Donald Trump”, escreveu ele.  “‘Nosso trabalho é colocar os Estados Unidos em primeiro'”, acrescentou.

Alguns trechos do discurso devem despertar preocupação nos brasileiros. Trump comemorou a morte do general iraniano Qassem Soleimani, herói iraniano.

Como elogiou o discurso como um todo, Bolsonaro também endossa a fala, o que pode representar prejuízo para o Brasil, que tem no Irã um parceiro comercial hoje com resultados mais expressivos do que com os Estados Unidos.

O saldo do comércio com o país persa é superior a 2 bilhões de dólares. Ou seja, o Brasil vende para o Irã muito mais do que compra. Já em relação aos Estados Unidos, a balança pende em favor do país de Trump: Compramos muito mais do que vendemos. O déficit é superior a 350 milhões de dólares.

Em outro trecho do discurso à nação norte-americana, Trump sinalizou uma ofensiva maior contra a Venezuela.  “O domínio da tirania de Maduro será esmagado e destruído”, declarou.

O aplauso de Bolsonaro à fala de Trump também representa aval a essa declaração, de tom bélico, e isso é particularmente danoso à estabilidade da América do Sul.

Quem estava presente no Congresso dos Estados Unidos para ouvir a fala dele é Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente venezuelano. No caso dele, faz sentido.

É um presidente de mentirinha.

Já Bolsonaro tem outras responsabilidades, como mandatário eleito. Ou seria o presidente brasileiro também um fantoche?