Nesta terça-feira (18), o governo liberou a quarta parcela dos auxílios “Caminhoneiro e Taxista” para motoristas autônomos. 670 mil motoristas receberam o dinheiro do auxílio, porém, cada um deles já havia recebido mais R$ 1 mil antes da data prevista, a menos de duas semanas do segundo turno.
O presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) ofereceu o benefício alegando que o combustível estava caro. O Planalto esgotou recursos públicos para diminuir o preço da gasolina e do diesel, porém, não suspendeu a despesa extra ofertada pelo presidente.
Segundo o jornalista Bernardo Mello Franco, do O Globo, no início de junho deste ano, os custos do auxílio já somavam mais de R$ 340 bilhões, incluindo o aumento do Auxílio Brasil, o Auxílio Gás e a antecipação do 13º dos aposentados. Entretanto, ainda assim, o ex-presidente e candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve a menos de 2 milhões de votos para ser eleito primeiro turno.
Com os resultados do primeiro turno, a quase vitória de Lula, o governo esvaziou ainda mais os cofres públicos. Em apenas uma semana, mais de R$ 15,7 bilhões foram direcionados para novos benefícios. Para tentar virar a disputa, a ordem é de anunciar novos privilégios todos os dias.
Em outra manobra eleitoral, o governo liberou empréstimos consignados para quem recebe o Auxílio Brasil e o Benefício de Prestação Continuada. A nova medida produziu uma corrida às agências da Caixa. Nos próximos meses, irá gerar uma legião de pobres endividados com juros de 50% ao ano.
A campanha de Bolsonaro informou à Justiça ter gastado R$ 15,1 milhões no primeiro turno. A quantia equivale a uma “gorjeta” sobre o gasto real, saindo diretamente do Tesouro para favorecer a campanha do ex-capitão. De acordo com Bernardo Mello Franco, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) acompanha o “vale-tudo” do presidente de braços cruzados, como se a única ameaça à saúde destas eleições fossem as mentiras divulgadas na internet.
Para Bolsonaro, a preocupação com os vulneráveis ainda é algo novo. No ano 2000, entre 513 deputados, o atual presidente foi o único a votar contra a criação do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza. Dez anos depois, referiu-se ao programa Bolsa Família como “esmola” e “farelo”.
“Só tem uma utilidade o pobre neste país: votar. Título de eleitor na mão e diploma de burro no bolso”, discursou, em novembro de 2013.
No primeiro turno, o mapa da votação mostrou que ele estava enganado. Os pobres pegaram o dinheiro e votaram em peso na oposição.