Bolsonaro fala de “religiões” e de “bem e mal” e Lula, “de comida na mesa”, diz Cantanhêde

Atualizado em 28 de agosto de 2022 às 12:10
Lula e Jair Bolsonaro no Jornal Nacional. Foto: Reprodução/TV Globo

Eliane Cantanhêde, colunista no Estadão, publicou neste domingo (28) sobre a importância do horário político e do debate nas eleições desta ano e em como será diferente da eleição de 2018, sem “vítimas” e com mais acesso a todos, diminuindo o impacto das redes sociais. Leia trechos:

A televisão entrou com tudo na campanha eleitoral, a partir da semana passada, com as entrevistas para muitos milhões de brasileiros no Jornal Nacional, da TV Globo, e o início da propaganda eleitoral obrigatória (…)

Se 2018 foi um ponto fora da curva sob vários aspectos, com a internet sendo decisiva para o improvável Jair Bolsonaro, 2022 mantém a força das redes, mas recoloca a importância da TV, como sempre. (…)

A imagem de Bolsonaro sendo esfaqueado, no ombro de apoiadores, no meio de uma multidão, dia e noite, criou o “mito”, a “vítima” e imobilizou os adversários. Com uma exposição espontânea assim, quem precisa de programa eleitoral? Mas, em 2022, não tem facada e a TV é o maior palanque, atingindo milhões de pessoas que não se interessam por política, não sabem quem é Simone Tebet e não têm tempo para redes sociais. (…)

Assim, a grande vitória do ex-presidente Lula no Jornal Nacional foi a comparação com Bolsonaro, na forma e no conteúdo. Lula descansou, fez o dever de casa e seguiu a orientação de sua campanha, antecipando o espírito de sua propaganda eleitoral. Tinha estratégia, foco e alvo. (…)

Bolsonaro foi Bolsonaro. Quis matar no peito, não deu bola para os assessores e foi preguiçoso, relaxado e, como o Estadão detectou, jogou no ar uma mentira a cada três minutos. Sem foco, queria ser o simpaticão, “do povo”. Só conseguiu parecer superficial, irrelevante – o “bobo da corte”, como disparou Lula.

Lula falou em “comida na mesa” e “churrasquinho e passeio no fim de semana”. Na sua estreia, Bolsonaro comparou Bolsa Família e Auxílio Brasil e depois negou a fome: “Alguém já viu alguém pedindo um pão na porta, ali, no caixa da padaria? Você não vê, pô!”. (…)

Bolsonaro fala de religiões, “bem e mal”. Lula, de comida na mesa, “o pior e o melhor presidente do Brasil”. O eleitor é todo ouvidos.

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