
Após a conturbada eleição presidencial de 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) manteve-se recluso no Palácio da Alvorada e se recusou a reconhecer a vitória de seu oponente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O tenente-coronel Mauro Cid, um dos poucos aliados que permaneceram ao seu lado nesse período, revelou detalhes surpreendentes sobre o comportamento de Bolsonaro e suas tentativas de contestar o resultado eleitoral.
Segundo Cid, Bolsonaro estava confiante de que sairia vitorioso nas eleições e foi tomado por uma profunda tristeza após a derrota. Essa situação levou a uma queda em sua imunidade e resultou em uma infecção na perna chamada erisipela. Durante esse período, o ex-presidente frequentemente questionava o que fazer com seus apoiadores nas ruas e repetia a frase: “Fui roubado, o PT vai destruir o Brasil”.
Segundo a revista Veja, Mauro Cid afirmou que Bolsonaro estava determinado a encontrar evidências de fraude eleitoral que justificassem a contestação do resultado das eleições. Ele acreditava que uma fraude poderia ser a chave para desafiar o pleito e seguir um caminho diferente.
De acordo com informações fornecidas pelo tenente-coronel, Bolsonaro se reuniu com os comandantes das Forças Armadas em busca de apoio para reverter o resultado eleitoral. Relatos sugerem que o comandante da Marinha, Almir Garnier, teria concordado em participar de um plano que visava desafiar o resultado das eleições. No entanto, o chefe do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, teria se oposto a qualquer ação nesse sentido.
Embora muitos dentro da Presidência e do Exército tenham discutido a possibilidade de agir de forma mais decisiva, Mauro Cid contou que não houve um plano efetivo de golpe, apesar de elaborarem uma minuta para tal ato. Ele descreveu o período como um reflexo da sociedade polarizada, onde havia debates sobre ações a serem tomadas, mas poucos estavam dispostos a liderar qualquer movimento.
Em 9 de setembro, o tenente-coronel Mauro Cid firmou um acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal. Em seus depoimentos, ele admitiu ter burlado o sistema do Ministério da Saúde para emitir um certificado falso de vacinação contra a Covid-19 e ter vendido dois relógios recebidos do governo brasileiro, repassando o dinheiro ao ex-presidente Bolsonaro.