Bolsonaro ficou abatido e só respondia “monossilabicamente” após derrota em 2022, diz ex-ministro

Atualizado em 26 de maio de 2025 às 22:45
ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com as mãos no rosto e cara de choro, cabisbaixo
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – Reprodução

Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (26), Marcelo Queiroga afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentou sinais de profunda tristeza após ser derrotado nas eleições presidenciais de 2022. Segundo o ex-ministro da Saúde, o então chefe do governo chegou a responder apenas com monossílabos e demonstrava estar emocionalmente abalado.

“Segunda, logo após as eleições, acho que o último dia ao qual ele foi ao planalto. Ele estava triste, claro, como todos nós. Lembrei ao presidente exemplos como o Nixon, Carter que não foram reeleitos e depois ganharam até mais protagonismo”, relatou.

Queiroga também contou que se encontrou com Bolsonaro duas vezes na residência oficial do Palácio da Alvorada e relatou uma piora no estado de saúde emocional do ex-presidente:

“Depois estive com o presidente duas vezes no Alvorada, ele teve um quadro de erisipela, entrou num quadro profundo de tristeza, só respondia monossilabicamente, muito cabisbaixo. Cheguei até a me preocupar. Mas ele como um homem forte se recuperou”.

Jair Bolsonaro e Marcelo Queiroga em pé lado a lado, com a mão no peito, sérios
O ex-presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro Marcelo Queiroga – Reprodução

O depoimento ocorreu no âmbito do processo que investiga uma tentativa de golpe de Estado após a derrota de Jair Bolsonaro para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022. A Primeira Turma do STF retomou nesta semana os depoimentos de testemunhas de defesa dos réus investigados.

Marcelo Queiroga foi convocado como testemunha pelas defesas do general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e de Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil.

Durante o depoimento, o ex-ministro também negou que Bolsonaro tenha mencionado qualquer ideia de ruptura institucional ou ausência de transição de governo: “Não, pelo contrário”, disse ele.

O ex-ministro da Saúde ocupou o cargo entre março de 2021 e dezembro de 2022, sendo o quarto a chefiar a pasta durante a pandemia de Covid-19.

Além de Queiroga, são esperados ao longo da semana os depoimentos de outras testemunhas indicadas por Augusto Heleno, Anderson Torres e pelo próprio Jair Bolsonaro. Ao todo, a defesa do militar indicou dez testemunhas para depor no processo.