Bolsonaro foi colocado no centro do golpe por advogado de general, dizem aliados

Atualizado em 4 de setembro de 2025 às 11:16
O ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Gabriela Biló/Folhapress

A defesa apresentada pelos advogados do general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, no julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) provocou forte reação no núcleo bolsonarista. Ao sustentar que o militar tentou dissuadir Jair Bolsonaro de adotar medidas de exceção, a estratégia jurídica acabou colocando o ex-presidente no centro da acusação de tentativa de golpe de Estado.

Segundo o Blog da Andréia Sadi no g1, a fala surpreendeu até ministros da Corte, que viram no discurso da defesa um relato novo sobre episódios envolvendo Paulo Sérgio nos últimos meses do governo. A ministra Cármen Lúcia questionou diretamente o advogado Andrew Fernandes Farias sobre o que ele queria dizer quando relatou que o cliente tentou “demover” Bolsonaro.

“Demover de adotar qualquer medida de exceção. Atuou ativamente e há provas nos autos”, respondeu o defensor. Veja:

A exposição irritou aliados de Bolsonaro e advogados de outros réus. Eles acreditem que a defesa do general complicou a situação do ex-presidente em um momento crucial do julgamento. Nos bastidores, a avaliação é de que Paulo Sérgio optou por salvar a própria pele, ainda que isso aumentasse a pressão sobre Bolsonaro.

O ex-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Fábio Wajngarten, reagiu publicamente à estratégia. Em uma postagem, afirmou que uma “turma que vivia no bate e assopra na orelha do presidente” criava teorias conspiratórias para se manter relevante, minimizando a versão apresentada pelos advogados do general.

Dentro do STF, a situação de Paulo Sérgio e de Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, vem sendo analisada de forma diferenciada. A percepção inicial é de que ambos aparecem menos envolvidos em provas diretas da conspiração, embora não se descarte que estivessem cientes dos movimentos golpistas.

No caso de Heleno, ministros lembram que ele sumiu após uma reunião em que teria defendido “virar a mesa”, o que deixa lacunas sobre sua real participação. Já em relação a Paulo Sérgio, há quem sustente que suas reuniões teriam ocorrido justamente para conter qualquer iniciativa golpista.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.