
O ex-presidente Jair Bolsonaro avalia como certa a condenação no processo sobre a trama golpista, que começa a ser julgado no Supremo Tribunal Federal (STF) na próxima semana. Aliados dizem que ele tem se mostrado pessimista e irritado, tratando o caso como perseguição política.
Segundo a Folha de S.Paulo, apesar do clima de desânimo, aliados acreditam que a defesa pode conseguir reduzir a pena na fase de dosimetria. “O fundamental é que esse julgamento não se contamine pelo perigoso binômio de politização da Justiça/judicialização da política”, afirmou o advogado Paulo Cunha Bueno.
Bolsonaro responde pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado democrático de Direito, dano qualificado por violência e deterioração de patrimônio tombado. As penas máximas somadas superam 40 anos de prisão. Pessoas próximas apostam em uma redução de, ao menos, 10 anos.
Há também a possibilidade de pedido de vista por um dos ministros, o que poderia adiar a conclusão do julgamento por até 90 dias. Ainda assim, aliados não veem esse cenário como provável. Caso seja condenado, a defesa poderá recorrer com embargos, questionando aspectos formais da decisão. A análise desses recursos deve ocorrer entre outubro e novembro.

Bolsonaristas discutem onde o ex-presidente poderia cumprir eventual pena. Entre as hipóteses estão uma instituição militar, a carceragem da Polícia Federal ou uma cela especial na Papuda, em Brasília. A última opção é vista como menos provável. Uma alternativa cogitada seria a manutenção da prisão domiciliar por motivos de saúde.
O ex-presidente enfrenta problemas como crises de soluço, vômitos, hipertensão e refluxo. Ele deixou a residência apenas uma vez desde o início da prisão domiciliar, em 16 de agosto, para realizar exames médicos. O boletim informou que Bolsonaro segue em tratamento clínico e sob medidas preventivas contra complicações respiratórias.
A tensão no entorno aumentou com a ordem do ministro Alexandre de Moraes para que a Polícia Penal do Distrito Federal monitore a casa de Bolsonaro 24 horas por dia. A medida busca afastar riscos de fuga às vésperas do julgamento, aumentando a pressão sobre a família.