
Segundo checagem feita pela equipe do Aos Fatos, o presidente Jair Bolsonaro (PL) fez cerca de 6.498 declarações falsas ou distorcidas, desde o dia de sua posse como presidente da República em 2019. As checagens são feitas semanalmente.
As três afirmações mais repetidas pelo atual mandatário são:
1- Bolsonaro repetiu 237 vezes que “O nosso governo teve corrupção zero ao longo de três anos e oito meses.”
No entanto, integrantes e ex-integrantes do governo bolsonaristas são alvos de investigações e denúncias de casos de corrupção e outros delitos ligados à administração pública. Em junho de 2022, a Polícia Federal prendeu preventivamente o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro por suposto envolvimento em um esquema de liberação de verbas na pasta.
Atuais e antigos integrantes do governo também são investigados pela PF ou pelo Ministério Público por suspeita de corrupção, como o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP); Ricardo Salles (PL), ex-titular do Meio Ambiente; o deputado federal Marcelo Álvaro Antônio (PL), que comandou o Turismo; e Fabio Wajngarten, que chefiou a Secretaria Especial de Comunicação Social.
Além disso, relatório de junho deste ano da Americas Society/Council of the Americas afirma que as tentativas do presidente de controlar órgãos de investigação e os cortes orçamentários de agências independentes seriam sinais de recuo no combate à corrupção no Brasil
2- Bolsonaro repetiu 139 vezes que “Eu fui desautorizado pelo Supremo Tribunal Federal [durante a pandemia de Covid-19].”
O Supremo Tribunal Federal não retirou do Executivo o poder de conduzir ações para controlar a pandemia da Covid-19 no Brasil, como afirma Bolsonaro. A corte entendeu, na verdade, que a União não poderia invadir as competências de municípios, de estados e do Distrito Federal. O presidente não poderia, por exemplo, derrubar medidas de isolamento social colocadas em práticas por prefeitos, mas a União não foi impedida de conduzir outras medidas de combate à Covid-19.
Em entrevista ao Aos Fatos, Cecilia Mello, especialista em direito administrativo e ex-desembargadora do TRF3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região), explicou que o STF não excluiu a responsabilidade ou a atuação da União no enfrentamento da Covid-19: “Não houve qualquer suspensão de vigência da lei quanto às competências do presidente e dos órgãos federais para o combate à crise, tampouco foram eles eximidos de seus deveres e atribuições.
3- Bolsonaro repetiu 115 vezes que “Eu sempre falei que você deve combater sim o vírus, mas também combater o desemprego em nosso país.”
De fato, Bolsonaro tem destacado desde o início da pandemia que haveria dois problemas para o Brasil, um de saúde pública e um econômico, e que os dois deveriam ser tratados simultaneamente. Em levantamento feito nas redes e nas falas do presidente, o Aos Fatos identificou o início de declarações do tipo no dia 15 de março de 2020, data de uma entrevista à CNN Brasil. O presidente, porém, nunca tratou as duas questões com o mesmo peso, já que, desde o início do surto de Covid-19 no Brasil, tem minimizado os efeitos da doença e criticado suas principais formas de prevenção. Em diversas entrevistas e declarações públicas, Bolsonaro relacionou a doença a uma “gripezinha” e chegou a dizer em discurso que o isolamento social seria “conversinha mole” e que as medidas de restrição de circulação seriam para “os fracos”. O presidente também ataca reiteradamente as vacinas, que afirma serem experimentais e não terem comprovação científica. Por todos esses motivos, sua declaração é falsa.
Entre outras declarações falsas proferidas por Bolsonaro está que seu governo “criou o pix”, que “quanto mais impostos a gente corta, diminui, mais nós arrecadamos”. Bolsonaro ainda disse que o “PT quer aprovar a legalização das drogas”.
Outra afirmação falsa repetida por ele ainda nesta sexta-feira (28) durante o debate presidencial na Globo, é que “não tem ainda o metrô de BH. Mas em Caracas, capital da Venezuela, tem, porque o PT mandou dinheiro para lá”, Bolsonaro repetiu está mesma declaração 14 vezes.
“Não queremos a liberação das drogas, como o PT quer. Como o Lula já falou que quer”, disse Bolsonaro por 12 vezes.