Enquanto Bolsonaro leva seus ministros para passear em um dos destinos mais reservados do mundo, Dubai, o ex-presidente Lula foi com seus ministros aos rincões mais pobres do país.
A favela de Brasília Teimosa foi o destino da primeira viagem de Lula, há 18 anos. Em janeiro de 2003, levou 30 ministros para as localidades com mais baixo IDH para conhecer a miséria do país.
A favela construída em palafitas sobre o mar do Recife recebeu a comitiva presidencial para que os ministros conhecessem as necessidades e os desejos dos mais necessitados. Além de Brasília Teimosa, visitaram a Comunidade Irmã Dulce em Teresina, no Piauí.
Lula queria que os ministros vissem pessoalmente uma população miserável, vivendo em condições degradantes e sem recursos financeiros.
“Quando a pobreza deixa de ser pobreza para ser miséria ela atinge a dignidade humana”, disse ele à época. Esse foi o primeiro passo da “Era Lula”. Um ano depois da visita, a favela Brasília Teimosa não existia mais. Os moradores foram cadastrados e transferidos para moradias.
Na região onde existiam as palafitas, hoje, há uma grande avenida à beira-mar.
Já o presidente Jair Bolsonaro, depois do fiasco de sua presença na reunião do G20 há duas semanas, foi para Dubai, Bahrein e Catar, para uma série de encontros bilaterais com autoridades locais e muito turismo com o dinheiro público.
Bolsonaro deve visitar a feira de aviação Dubai Air Show e partir para o Bahrein, onde deve se encontrar com políticos do país árabe. No Catar, ele visita as instalações do estádio que sediará a final da Copa 2022.
Bolsonaro x Lula
Na comitiva de Bolsonaro, estão nomes como os deputados federais Eduardo Bolsonaro e Hélio Lopes, o senador Flávio Bolsonaro e o ex-senador Magno Malta. Entre os ministros estão Paulo Guedes, da Economia, Mário Frias, da secretaria especial de Cultura e Gilson Machado, do Turismo.
Magno Malta não tem cargo no governo, mas está se divertindo. Ele tem postado nas redes sociais fotos da mamata. “Na Expo 2020, a convite do presidente”, publicou no Instagram.
Em uma das fotos, no Burj Khalifa, o prédio mais alto do mundo, Malta escreveu: “aqui do nada fizeram tudo isso! Temos um país abençoado por Deus que tem tudo, o comunismo não vai tirá-lo de nós! Deus acima de todos!!”
Essa é a 17ª viagem internacional de Bolsonaro. Na primeira agenda de seu mandato, não escolheu nenhuma localidade do País para levar seus ministros. Preferiu o tapete vermelho do mercado financeiro na reluzente Davos, durante o Fórum Internacional.
Bolsonaro se encontrou com primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, com o primeiro-ministro japonês, Shinzō Abe e com o presidente colombiano, Ivan Duque, onde juntos anunciaram o reconhecimento do golpista Juan Guaidó como presidente da Venezuela.
As viagens de Bolsonaro
Há duas semanas, esteve na Europa para a cúpula do G20. Logo na cerimônia de abertura, o anfitrião Mario Draghi evitou-o durante o protocolar aperto de mãos entre os líderes da cúpula.
Olaf Scholz preferiu os primeiros-ministros Boris Johnson, do Reino Unido, Justin Trudeau, do Canadá, e Narendra Modi, da Índia a falar com Bolsonaro. Sem entrosamento com quase ninguém, o presidente brasileiro foi visto puxando papo com garçons.
O desastre da presença brasileira na reunião do G20 contrasta com a agenda de Lula na Europa. Nesta segunda-feira (15), o ex-presidente participou de um debate no Parlamento Europeu com outros líderes da América Latina e terá reuniões com a social-democracia belga.
Na terça-feira, Lula chega à França, onde tem um encontro para discutir o Brasil no popular Sciences Po (Instituto de Estudos Políticos de Paris), da Universidade de Sorbonne. O giro por Paris ainda prevê uma reunião com a prefeita da cidade, Anne Hidalgo.