O então presidente Jair Bolsonaro retira máscara facial em cerimônia no Palácio do Planalto durante a pandemia de Covid-19. Foto: Adriano Machado
Em artigo publicado na Folha de S.Paulo na segunda-feira (1º), a psicanalista Betty Milan afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não se enquadra em diagnósticos clássicos de paranoia ou psicopatia, mas sim como um perverso e sádico que agiu de forma criminosa, sobretudo durante a pandemia de Covid-19:
(…) Já antes de ser eleito, Bolsonaro, que começa a ser julgado nesta terça-feira (2), chamou a atenção dos especialistas em doença mental. Qual seria, segundo eles, o tipo de comprometimento de um presidente que havia elogiado a tortura, humilhado mulheres, negros, indígenas, homossexuais e nordestinos e que, por isso, mereceu ser chamado de “Bolsonero”, em comparação ao imperador romano Nero?
Seria ele paranoico? A paranoia é um tipo de psicose em que o paciente aparenta completa normalidade, mas é movido por ideias delirantes e afetos de ódio. A onipotência leva o sujeito a inventar inimigos que ele passa a perseguir por ter certeza de que o perseguem. (…)
Seria ele psicopata por ser carente de compaixão e incapaz de medir as palavras? Uma declaração sua poderia me levar a dizer que sim: “Morrer nós todos vamos. E daí?”. Como pode o presidente da República dizer “e daí”?
Mas Bolsonaro não pode ser enquadrado no diagnóstico de paranoia, tampouco de psicopatia. (…)
Por isso, houve psiquiatras que não o classificaram como doente mental, mas como criminoso. E a série de delitos inventariada por eles não é pequena: crimes contra a Constituição, o Estado de Direito e a humanidade.
Bolsonaro, como outros líderes contemporâneos, é um perverso, um sádico que goza infligindo dor ao semelhante. Daí os elogios ao coronel Carlos Brilhante Ustra, um conhecido torturador da ditadura militar.
A crueldade do ex-presidente se manifestou das mais diversas formas. Assim como, por exemplo, com a escolha de ministros da Saúde incapazes de lidar com uma pandemia, porém capazes de obedecer cegamente às suas ordens. Entre elas, a de deixar qualquer embarcação —com ou sem doentes contaminados— aportar no Brasil para não interferir no turismo marítimo. Ou a de desinformar a imprensa e a população sobre os óbitos.
O resultado dessa necropolítica foram 693 mil mortos durante o governo Jair Bolsonaro.
Vista aérea das covas abertas para o enterro das vítimas da Covid-19 no cemitério Parque Tarumã, em Manaus. Foto: Michael Dantas/AFP
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