A misoginia como norte: veja o histórico de agressões de Bolsonaro às mulheres

Atualizado em 7 de outubro de 2022 às 11:43
Qual foi o papel de CQC, Superpop e Pânico na popularização de Bolsonaro -  UOL TV e Famosos
Bolsonaro em entrevista ao CQC em 2012. Foto: Reprodução

O histórico de agressão do presidente Jair Bolsonaro (PL) às mulheres é longo. Ao extinto programa de televisão CQC, da Band, em 2012, ao ser perguntado se já tinha dado algum “sopapo” em alguma mulher, confirmou a violência. O vídeo viralizou nessa semana.

Em julho, o presidente afirmou que não é misógino, colocando a culpa pelo “rótulo” na esquerda. Ele iniciou o desabafo atacando seus adversários. “É uma boa forma de distrair inocentes a esquerda me rotular falsamente de misógino enquanto está de mãos dadas com o narcotráfico, que objetifica, escraviza, espanca, tortura, queima, mata e esquarteja mulheres, muitas vezes filmando para servir de exemplo para as outras”, comentou.

“Isso pode afetar pessoas muito sensíveis, mas é uma verdade que não pode ser ignorada. A violência está, sim, em todos os lugares e deve ser combatida, nós inclusive endurecemos penas para crimes contra a mulher, a diferença é que para o crime organizado essa violência é lei”, continuou.

“É comum ver mulheres sendo gravadas e submetidas a práticas absurdamente cruéis, que fariam inveja a qualquer grupo terrorista. Muitas pagam por motivos banais, como viver num lugar dominado por uma facção e estar em uma região dominada pelo grupo rival”, acrescentou.

E prosseguiu: “Enquanto uns vivem de falsas promessas e frases de efeito para enganar o público feminino, nós temos enfrentado esse verdadeiro mal, endurecendo penas para crimes contra mulher, reduzindo a violência, ampliando o direito de se defender e atacando fortemente o crime organizado”.

“Não há ambiente + nocivo às mulheres do que os dominados pelo narcotráfico. Usar figuras femininas para amenizar a imagem dos que apoiam essas práticas é não apenas colaborar com o crime, mas fazer demagogia manipulando inocentes, que serão as primeiras vítimas dos criminosos”, concluiu.

Toda essa manifestação não apresentou nenhuma fala sobre as acusações de assédio sexual contra Pedro Guimarães, ex-presidente da Caixa Econômica Federal. O acusado era muito próximo do presidente Jair Bolsonaro, tanto que foi o homem que mais vezes apareceu nas lives do chefe do executivo em 2021.

Bolsonaro admitiu que agrediu uma mulher em 1998

Bolsonaro e as agressões

Eleição de 1998

Em agosto de 1998, Bolsonaro fazia campanha eleitoral para se reeleger deputado federal. Na oportunidade, ele deu um murro na cabeça de Conceição Aparecida, então funcionária da Planajur, empresa de consultoria jurídica que prestava serviços para o Exército.

A confusão começou no momento que Conceição bateu boca com uma eleitora de Bolsonaro. O então deputado aproveitou a ocasião para ser agressivo e acertar um murro na mulher. Ele próprio admitiu a violência.

Ofensa contra Preta Gil

Em 2011, o programa “CQC”, da Band, enviou uma série de perguntas para Bolsonaro e ele atacou a cantora Preta Gil. “Deputado Jair, se seu filho se apaixonasse por uma negra, o que você faria?”, foi uma das perguntas da filha do cantor Gilberto Gil.

“Ô, Preta, eu não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco. E meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambiente como, lamentavelmente, é o teu”, respondeu Bolsonaro.

Ex-esposa foi ameaçada de morte

No mesmo ano, Ana Cristina Valle, mãe de Jair Renan, procurou a Embaixada do Brasil e denunciou Bolsonaro. Ela declarou que foi ameaçada de morte e pediu asilo na Noruega.

Agressão contra mulher na juventude

Em 2012, durante entrevista ao “CQC”, Bolsonaro disse que bateu em uma mulher. “Era garoto na Eldorado, uma menina forçou a barra para cima de mim”, relatou. Na ocasião, acreditou que tal violência era justificável.

Ataque contra Maria do Rosário

No fim de 2014, Bolsonaro atacou a deputada Maria do Rosário (PT) e todas as mulheres, sendo condenado a pagar multa e pedir desculpas publicamente.

Rosário defendeu que torturadores da ditadura fossem responsabilizados, irritando seu então colega de Câmara. “Não saia, não, Maria do Rosário, fique aí. Há poucos dias, você me chamou de estuprador no Salão Verde e eu falei que eu não estuprava você porque você não merece. Fique aqui para ouvir”, rebateu Bolsonaro bastante irritado.

A raiva dele era por causa da fala da deputada em 2003, quando ela afirmou que os discursos dele promoviam a violência contra a mulher. Onze anos depois, ele resolveu ressuscitar o assunto. “Eu sou o estuprador agora? Não vou estuprar você porque você não merece”, declarou, chamando-a de “vagabunda” e a empurrando.

Em entrevista ao jornal Zero Hora, ele reforçou a ofensa. “Ela não merece porque ela é muito ruim, porque ela é muito feia, não faz meu gênero, jamais a estupraria. Eu não sou estuprador, mas, se fosse, não iria estuprar porque não merece”.

Bolsonaro foi processado e condenado por danos morais.

Homens merecem ganhar mais, disse Bolsonaro

Ainda em 2014, em entrevista ao jornal Zero Hora, Bolsonaro defendeu que mulheres ganhem menos que um homem fazendo o mesmo trabalho. “Eu sou um liberal, se eu quero empregar na minha empresa você ganhando R$ 2 mil por mês e a Dona Maria ganhando R$ 1,5 mil, se a Dona Maria não quiser ganhar isso, que procure outro emprego! (…) Eu que estou pagando, o patrão sou eu”, comentou.

Fraquejou

Em 2017, ele deu uma palestra no Clube Hebraica e falou que ter sido pai de uma menina foi uma “fraquejada”. “Fui com os meus três filhos, o outro foi também, foram quatro. Eu tenho o quinto também, o quinto eu dei uma fraquejada. Foram quatro homens, a quinta eu dei uma fraquejada e veio mulher”, falou ele.

Turismo sexual

Em 2019, afirmou que era contra a vinda de turistas gays para o Brasil. “Quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade”, disparou. Governos do estado responderam o presidente e fizeram campanhas contra a exploração sexual de mulheres.

Ataques contra jornalistas

De 2020 pra cá, ele atacou várias jornalistas, como Patrícia Campos Mello, Laurene Santos, Victoria Abel e Daniela Lima. Todas foram humilhadas, xingadas e atacadas pelo presidente da República.

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