Bolsonaro pensou em abortar Jair Renan, mas sua mulher decidiu manter gravidez

Atualizado em 30 de dezembro de 2020 às 23:58
Jair Bolsonaro e Jair Renan | Alan Santos / Presidência da República

Um ditado velho mas sempre atual diz que o ‘peixe morre pela boca’. Serve para definir o arroubo da vez de Jair Bolsonaro.

Bastou a Argentina aprovar o aborto legal para o presidente ir às redes sociais atacar a soberania do país.

“Lamento profundamente pelas vidas das crianças argentinas, agora sujeitas a serem ceifadas no ventre de suas mães com anuência do Estado. No que depender de mim e do meu governo, o aborto jamais será aprovado em nosso solo. Lutaremos sempre para proteger a vida dos inocentes!”, escreveu o hipócrita, se sentindo no direito de dar pitaco sobre uma decisão de outro país para agradar seu gado fundamentalista.

Não era assim que pensava o capitão reformado do Exército nos tempos em que ocupava uma cadeira na Câmara dos deputados.

Numa entrevista à IstoÉ Gente, foi perguntado sobre a legalização do aborto:

“Tem de ser uma decisão do casal”, respondeu, para então acrescentar que já passou por essa situação.

“Já. Passei para a companheira. E a decisão dela foi manter. Está ali, ó”. (Bolsonaro aponta para a foto no mural de seu filho mais novo, Jair Renan, de 1 ano e meio, com Cristina).

Jair Renan é o quatro filho do presidente, hoje com 21 anos, vivo porque a mãe preferiu não seguir o desejo do pai.

Leia a entrevista e tire suas próprias conclusões:

“Eu defendo a tortura”

Entre os companheiros de quartel no Rio de Janeiro, o capitão reservista do Exército Jair Messias Bolsonaro era conhecido como “cavalão”. Seu porte atlético, em 1,86 metro de altura e 75 quilos, desenvolvido nos exercícios da Escola de Educação Física do Exército, garantiu-lhe o título de pentatleta das Forças Armadas. Mas foi a língua solta que o ajudou a ganhar fama nacional, quando começou a questionar governos, há mais de uma década, para defender a corporação à qual pertenceu. Nas últimas semanas, manteve o hábito de causar polêmica ao propor o fuzilamento do presidente Fernando Henrique Cardoso. No terceiro mandato federal, eleito com 103 mil votos, o deputado Jair Bolsonaro (PPB-RJ), 44 anos, abre fogo contra colegas da Câmara dos Deputados que combateram a ditadura militar, defende a tortura, a censura e a pena de morte e não se arrepende de ter pregado o fuzilamento do presidente. Pai de três filhos adolescentes com a primeira mulher, Rogéria Bolsonaro, e de um bebê com a segunda, Cristina, 32 anos, Bolsonaro revela em entrevista a Gente que sonha disputar a Prefeitura do Rio de Janeiro. “Mas eu não estou preocupado em ser prefeito. Eu quero é espaço.” (…)

Seus colegas de Congresso o consideram uma pessoa truculenta. Como o senhor é em casa?

Nunca bati na ex-mulher. Mas já tive vontade de fuzilá-la várias vezes. Também nunca dei um tapa num filho. Gosto de chamar para conversar, contar piadas.

O que o senhor acha da legalização do topless?

Não sou contra, não. Desde que seja com a mulher dos outros. Depois que todas as mulheres estiverem usando, aí a minha poderá usar. O fio dental foi um escândalo e hoje é normal. Tudo é evolução.

E sobre a legalização do aborto?

Tem de ser uma decisão do casal.

O senhor já viveu tal situação?

Já. Passei para a companheira. E a decisão dela foi manter. Está ali, ó. (Bolsonaro aponta para a foto no mural de seu filho mais novo, Jair Renan, de 1 ano e meio, com Cristina.)

(…)

Jose Cassio
JC é jornalista com formação política pela Escola de Governo de São Paulo