Após meses tentando comer com talheres, Jair Bolsonaro voltou ao modo normal para seus padrões de delinquência moral e intelectual.
Em cerimônia no Planalto, se travestiu de defensor da Amazônia e desferiu bravatas contra os EUA.
“Quando acaba a saliva tem que ter pólvora. Não precisa nem usar a pólvora, mas tem que saber que tem”, afirmou.
“Assistimos há pouco um grande candidato à chefia de Estado dizendo que, se eu não apagar o fogo da Amazônia, ele vai levantar barreiras comerciais contra o Brasil. E como é que podemos fazer frente a tudo isso? Apenas pela diplomacia não dá”.
Talvez seja apenas retórica. Ainda que seja, é estúpido e perigoso.
Bolsonaro, como é um louco em franco desespero, pode estar também ruminando uma saída à la Argentina na guerra das Malvinas.
Em 1982, a Junta Militar tentou ganhar uma sobrevida reclamando os arquipélagos austrais dominados pelo Reino Unido desde 1933.
A Inglaterra foi chamada de “potência invasora” e um conflito durou entre abril e junho.
O saldo foi a vitória prevista do Reino Unido, a morte de 649 argentinos, 255 britânicos e a derrocada da ditadura.
Leopoldo Galtieri teve que renunciar à presidência, sendo trocado por Reynaldo Bignone. Um ano e meio depois, o poder era entregue a Raúl Alfonsín.
Do outro lado do Atlântico, Margaret Thatcher saía do pântano neoliberal com a mais ampla maioria de um candidato desde 1935.
Permaneceu como primeira ministra até 1990.
Numa hipótese remota de conflito, a munição de nossas forças armadas duraria 24 horas.
Sem trocar um tiro, os generais já afundaram, abraçados a Bolsonaro.