
A informação de que o ex-presidente Jair Bolsonaro simplesmente sumiu com 83 móveis de alto padrão do Palácio da Alvorada é só mais uma das inúmeras evidências que esse país esteve sob o julgo de um batedor de carteiras durante todos os últimos 4 anos.
Não importa a que contexto essa informação seja submetido, o fato é que temos aqui nada menos do que a subtração de bens valiosos de propriedade da União.
E nesse ponto dois esclarecimentos um tanto quanto óbvios: por “subtração” leia-se furto e por “propriedade da União” leia-se propriedade do povo brasileiro.
É claro que se comparado às jóias das arábias acrescidas de nada menos do que 175 caixas de bens recebidos enquanto esteve na presidência e atualmente acondicionados (escondidos?) numa fazenda do motorista de miliciano, Nelson Piquet, os valores expressos em móveis de grife da residência oficial do mandatário da república podem parecer ninharia.
Mas a grande questão é que todo e qualquer mortal que possui um modesto imóvel alugado que seja, exige que quando devolvido pelo inquilino, tudo esteja exatamente como o recebeu.
É algo tão básico e civilizado que nem deveria ter uma lei que garantisse a reparação financeira em caso de danos ao imóvel alheio.
Mas tem!
Nesses termos, o mínimo que se espera é que a CGU e TCU cobrem do “inquilino” Bolsonaro a restituição imediata dos móveis surrupiados e arque inteiramente com o ressarcimento do montante financeiro que foi preciso empenhar para a reconstrução de uma jóia da arquitetura moderna.
Já o prejuízo com os danos talvez irreversíveis pelo mau acondicionamento de obras de artes como a tapeçaria “Músicos”, de Di Cavalcante e exclusiva do Alvorada, esse é caso para sentarmos e chorarmos.
É fundamental para a reconstrução do estado de civilidade brasileira que seja imposta a responsabilização a Jair Bolsonaro pela sua destruição e emporcalhamento do Palácio da Alvorada, imóvel posto à disposição pelo povo brasileiro ao então presidente da república.
Responsabilização essa não só civil, mas, sobretudo, criminal.
Isso é o mínimo que uma simples imobiliária faria a respeito dos aluguéis mantidos sob sua administração inclusive se fosse em relação aos 51 imóveis adquiridos com dinheiro vivo pelo clã Bolsonaro.